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Aramis

A estabilidade dos operarios albaneses

Com suas fronteiras fechadas ao turismo, não admitindo a presença de correspondentes internacionais, ligada diretamente a chamada linha chinesa, a Albânia é a grande esfinge do mundo comunista. Por isto, quando o jornalista Jaime Sautchuk, catarinense de Herval d'Óeste, vivência em Curitiba antes de se profissionalizar, conseguiu visitar aquele pais, escreveu um livro de 176 páginas intitulado " O Socialismo na Albânia"( editora Alfa-Omega, 1983 ), com muitas revelações. Agora é Luis Manfredini, jornalista radicado há anos em Curitiba, assessor de imprensa de secretária Gilda Poli, da Educação.após uma permanencia de 21 dias na Albânia. Que prepeara um livro mais amplo sobre o pais e Enver Hoxha. Antecipando algumas anotações desta obra. Estamos oferecendo aos nossos leitores informações sobre o pais que não consta dos roteiros turisticos nem é motivo de conversas dos elegantes colunaveis que mensalmente estouram milhares de dólares em seus passeios internacionais. xxx Uma das coisas que mais impressionou a Manfredini foi a atual composição de classes da albânia - operários, camponeses e intelectuais. " Os trabalhadores, diz o jornalista, estão distribuidos em mais de 3.000 profissões ( em 1947 havia apenas 65 ). Para se ter uma idéia das condições de trabalho, bastam alguns exemplos: nenhum trabalhador pode ser demitido em circunstância alguma ( mesmo quando ele tenha cometido uma falta grave ), se a direção da empresa não lhe consegue um emprego em outro lugar. Assim o desemprego, cuja taxa antes, da Revolução era de 59% não existe mais o pais. Por ausência ao trabalho. O operário só poderia ser demitido se faltar seis meses consecutivos. A jornada de trabalho é de 8horas ( diurno ) e de 7 horas ( noturno ). Há categorias de menor jornada, como os mineiros, os professores, os traalhadores em saúde pública, que trabalham 5 horas por dia. O operário que estuda a noite tem sua jornada reduzida ( sem baixa do salario ), assim como os que fazem a universidade e os que se preparam para doutoramento. Não há nenhum desconto no salário a titulo de seguro social.Estes seguros são bancados por fundo especial geralmente é aos 60 anos ( 55 anos para as mulheres ). Há, porém categorias de aposentadoria com menor idade. De um modo geral o trabalho começa as 7horas da manhã, terminando às 15 horas, Assim,entre 16:30/7 horas as ruas ficam cheias de pessoas. Como há poucos automóveis o povo passeia pelas calçadas e ruas dividindo-se em rodinhas de conversas pelas praças ou então apinham os botecos. Detalhe: os homens andam de braços dados e até de mãos dadas, sendo costume se beijar no rosto. Há muitas bicicletas, diexadas nas calçadas sem cadeados ou correntes ja que o roubo e uma instituição falida no pais. Diversas vezes eu andei de madrugada. Sozinho, nas ruas de Tirana e outras cidades sem notar policiais. Tudo tranquilo. xxx Geralmente tem-se a idéia de que o ritmo da vida num pais como a Albânia seja febril, inclusive com grande controle sobre o trabalho. Besteira! O ritmo e frouxo, absolutamente calmo. Tanto que chega a irritar ao visitante, no inicio, Em diversas fabricas que visitei, escolhiamos um operário para conversar e ele, imediatamente, desligava a máquina e ficava nos atendendo, as vezes até por meia hora. Isto sem falar no bando de curiosos que deixava seus postos de trabalho para ouvir e até dar uns palpites na conversa. Cheguei a perguntar se aquele abandono não prejudicou as metas de produção e me foi respondido que estas metas levam em conta a capacidade média do operário, de forma que isso permite condições menos rigidas de trabalho, Na verdade, os albaneses, onde quer que você os encontre, não disfarçam o orgulho por suas conquistas politicas, economicas e sociais. E tem sempre na ponta da lingua comparações com a a situação de 1939 ( em abril de 1939 o pais foi invadido pelo fascistas italianos, tendo inicio a resistência; a Albânia ficou estagnada até a liberação, em novembro de 1944 ), Na época os albaneses somavam um milhão de pessoas ( o equivalente a população trabalhadores de hoje ). A industria era formada por pequenas fabricas e algumas oficinas de artesanato que ocupavam, no conjunto, não mais que 15 mil operários. No campo, latifundio, com os camponeses ocupando pequenas áreas. O comércio exterior e interior era dominado por 50 grandes comerciantes em sua maioria vinculados aos Italianos. O anafabetismo atingia 80% da população ( nas áreas rurais chegava a 95% ). A taxa de mortalidade era de 17 por 1.000 uma das maiores da Europa. Apenas 1% do orçamento do Estado era destinado á saúde, enquanto que os serviços do Palácio Real consumiam 3,7% do orçamento. Atualmente, em cada aldeia do pais que desde outubro de 1970 e totalmente eletrificado existe um ambulatório médico, sem falar na rede de hospitais. Já e, 1946/47 foi iniciado o exame sanitário sistemático de todos os cidadões, que permanece até hoje. Doenças gravissimas no passado, como malária, sifilis, e outras enfermindades venéreas, o paludismo, foram erradicadas. Até a idade de um ano, as crianças recebem todos os medicamentos de graça. Quem está internado não paga remédio. Hoje há um médico para cada grupo de 579 habitantes. O Sistema de saúde da Albânia foi um dos aspectos que mais me impressionou. LEGENDA DA FOTO - Berat, no Sul, uma cidade histórica. As casinhas na montanha são parte tombada pela cidade.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
04/05/1984

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