A família Mauro na mostra de Humberto
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de agosto de 1984
Francisco Eugênio, 25 anos, estudante de engenharia, assistiu, com emoção, mais uma vez, a "Tesouro Perdido", que na noite de terça-feira última abriu a mostra Humberto Mauro. Afinal, embora já conhecesse esse precioso filme realizado em 1926, Francisco Eugênio sempre se emociona ao ver as imagens de seus dois avôs, Humberto e Bruno Mauro, e sua avó, Maria de Almeida Mauro, no filme apresentado com o pseudônimo artístico de Lola Lys. Tão emocionado quanto o neto do cineasta, estavam seus pais - Martha, filha de Humberto, e Carlos Eugênio, filho de Bruno Mauro, casados há 31 anos, mineiros de Cataguazes e que há nove anos residem em Curitiba.
Industrial aposentado, Carlos Eugênio trouxe a família para Curitiba, em 1974, quando decidiu morar numa cidade mais tranqüila do que o Rio de Janeiro, onde havia passado grande parte de sua vida. Casado com a prima, Martha, filha de Humberto Mauro, diz, com orgulho, que foi sobrinho, amigo, genro e compadre do grande cineasta mineiro, que batizou seu filho caçula, Francisco Eugênio.
Há três semanas, na abertura da XII Jornada Nacional dos Cine-Clubes, Carlos Eugênio e seus filhos, Francisco, Carlos, Luiz Augusto e Maria Carmen, já haviam subido ao palco do Colégio Estadual do Paraná para receber medalha de homenagem ao pioneirismo de Humberto Mauro. Terça-feira, no Museu Guido Viaro, a família Mauro encontrava-se novamente feliz, pela nova homenagem que se faz ao cineasta que tanto contribui para o nosso cinema.
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Glower Duarte, 61 anos, diretor territorial do Banco Nacional, fez questão de supervisionar pessoalmente os detalhes para que a mostra Humberto Mauro, organizada pela Embrafilmes, tivesse sucesso também em Curitiba. Afinal, Glower é mineiro de Cataguazes e, embora não tenha convivido com Humberto Mauro, sempre participou da intensa vida cultural mineira dos anos 30 e 40, tendo sido, inclusive, presidente do Grêmio Machado de Assis, no grupo escolar de Cataguazes. E as lembranças da histórica revista "Verde" e do professor Amaro, "que marcou profundamente minha formação", constituíam tema para nostálgicas divagações de Glower com outro mineiro-curitibano, o cientista Newton Freire-Maia, nascido em Boa Esperança desde 1951 em Curitiba. Newton, aliás, já cancelou qualquer outro programa, esta semana, para poder rever os filmes de Humberto Mauro.
José Sanz, superintendente de atividades não comerciais da Embrafilmes e organizador dessa mostra, reencontrou em Curitiba sua prima Dudu Barreto Leite e um casal de grandes amigos, Luciana e Aloisio Querobim. Como José (o "Nenem" para os amigos), Sanz é presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e aproveitou o tardio jantar de terça-feira, para trocar idéias com o casal Querobim (Aloisio é o brabo presidente do Sindicato dos Artistas do Paraná) sobre a estratégia a adotar, no próximo congresso nacional da classe artística, no final do mês, na aldeia de Arcozelo.
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A mostra Humberto Mauro prossegue até domingo, possibilitando que se conheçam longas e curtas-metragens desse marcante cineasta, falecido em novembro do ano passado aos 87 anos. Hoje, será exibido "O Descobrimento do Brasil", produzido pelo Instituto do Cacau da Bahia, em 1937, com argumento e Afonso de Taunay, baseado na carta de Pero Vaz de Caminha, com música de Heitor Villa- Lobos. Dois curtas também fazem parte da programação: "João de Barro"(1956) e "Caeté"(1958).
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