Fusões e desquites entre as produtoras
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de maio de 1987
As modificações na cinematografia não ficam apenas na inesperada decisão dos diretores da Fama Filmes em fechar (temporariamente?) o Cinema I (até a noite de segunda-feira, mesmo os funcionários graduados da empresa desconheciam este fato). Também na área da distribuição de filmes há mudanças, com a transferência, nesta semana, dos escritórios da S.D.F. - Serviços de Distribuição de Filmes (Warner/Columbia) instalada há anos no 3º andar do edifício Santa Rosa (praça Tiradentes, 250) para o mesmo prédio, mas numa pequena sala, no conjunto 12, no primeiro andar, dividindo o espaço com a Unibras, gerenciada por Alfredo Prim, que aqui representa a Companhia Cinematográfica Sul/F.J. Lucas Distribuição, supervisionando também o cine Plaza.
No mesmo prédio, no 2º andar, há anos se encontra o escritório da Cinema Internacional Corporation, proprietária dos cines Lido I, Lido II e Condor, além de agrupar a distribuição da Walt Disney Productions, universal international, Paramount e MGM.
O edifício Santa Rosa - um dos mais antigos (e mais bem conservados) na praça Tiradentes, há anos tem várias de suas unidades ocupadas por companhias cinematográficas, que ali se revezam. Por muito tempo, o poderoso exibidor e distribuidor Isidoro Lassalve ali manteve os escritórios da Distribuidora Arco Iris, com uma sofisticada sala de projeção em 35 mm, de 25 lugares - desativada quando mudou de endereço (hoje Lassalvia praticamente afastou-se da cinematografia).
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A transferência dos escritórios da S.D.F., aqui gerenciada pelo atencioso Lourival Henrique Schlapack, 42 anos, 18 de cinematografia, é apenas o primeiro reflexo das mudanças internacionais entre a Warner Brothers e a Columbia Pictures, que há poucos dias confirmaram a dissolução de uma sociedade de 16 anos na distribuição mundial. David Puttnam, chairman e chefe executivo da Columbia (e o produtor de filmes como "Os Gritos do Silêncio" e "A Missão") e Terry Semel, presidente da Warner, confirmaram a separação de seus escritórios na Inglaterra, França, Alemanha, Austria, Bélgica, Holanda, Suécia, Finlândia, Argentina e Brasil. Cada companhia vai operar separadamente nesses países, de maneira completa, até o final do ano.
David Puttman, um super-executivo, declarou oficialmente que "A Columbia vai criar um melhor sistema de distuibuição e marketing, equipado para fazer frente ao que chamamos de os desafios de 1990. A crescente complexidade inerante ao mercado, unindo-se com o potencial de crescimento internacional da Columbia, alerta-nos para a necessidade de mudanças construtivas, obrigando-nos a tomar a dianteira de maneira agressiva, sempre atentos aos melhores interesses de nossos sócios principais - os cineastas com os quais trabalhamos."
A política de fusão das grandes companhias de cinema, ao menos na distribuição internacional, foi a forma encontrada a partir dos anos 70 para reduzir custos. Tanto é que nos chamados "territórios menores", a Warner e Columbia continuarão unidas.
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