Garganta-orquestra de Al e da vanguarda ao tradicional.
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de agosto de 1980
No decepcionante Rio Monterey Jazz Festival (Maracanazinho, 14/17 de agosto), uma das poucas presenças agradáveis foi do cantor Al Jarreau. Na noite de sexta-feira, no sábado à noite e domingo, nunca "canja" a seu amigo George Duke, junto com Airto Moreira (percussão), Raulzinho (trombone) e Stanley Clarke (baixo), este americano de Milwakee, Wisconsin, 40 anos, mostrou sua impressionante versatilidade vocal. O homem que tem uma orquestra na garganta, como é conhecido. Al Jarreau já havia entusiasmado o público presente no I Festival Internacional do Jazz (São Paulo, agosto/78). Com recursos únicos em termos vocais, capaz de imitar qualquer instrumento e obter sonoridades únicas, os "scats" (canto sem letra) de Jarreau são sensacionais. A partir de 1966, quando começou a trabalhar em clubes de São Francisco, no trio do pianista George Duke, Al Jarreau teve projeção, após gravar o primeiro LP ("" We Got By", WEA, agosto/75), alcançando, nestes últimos cinco anos, uma posição única. Ganhando troféus como melhor vocalista de jazz, viajando por quase todo o mundo. Al Jarreau chega agora a "This Time", seu quinto elepe, e onde interpreta um repertório apropriado ao seu estilo, com músicas próprias (embora sempre admitindo parcerias); "Never Givin'Up", "Gimmi What You Got", "This Time", "Your Sweet Love", "Alonzo", "Spain", "Distracted", "Love Is Real", "Change Your Mind". A WEA não poderia encontrar momento mais propício para lançar este elepe.
Aliás, aproveitando também a presença no Brasil de George Duke, a Odeon inclui um álbum que este pianista-arranjador gravou em 1969, na Blue Note (quando ainda não tinha partido para o som elétrico e pesado dos dias de hoje) em sua nova coleção jazzistica, enquanto pela CBS há "Flow The Rainbow", gravado há poucos meses. Neste, temos o som pesado, delirante de Duke, multitecladistas e até vocalista, além de autor da maioria das faixas. A mesma CBS lança "Monster", com outro tecladista do maior prestígio no jazz contemporâneo: Herbie Hancock. Gravado em Los Angeles, no ano passado, "Monster" traz Hancock ao piano, junto com Alphonse Mouzon (bateria), Sheila Escovedo (percussão), ao lado de Wah Wah Watson (guitarra) e Freddie Washington (baixo) em composições próprias, como "Saturday Night" e "Stars in Your Eyes".
Para alegria dos tradicionalistas em jazz, Arlindo Coutinho programou também álbuns menos "hard". Assim, com a Preservation Hall Jazz Band, que há alguns meses excursionou pelo Brasil, fazendo uma única apresentação no Guaíra, temos um belo elepê, no qual é possível ouvir temas tradicionais como "Tiger Rag", "His Eye Is On The Sparrow" ou o belíssimo "Memories" ( G. Kahn/E. Alsytne). De Miles Davis, um álbum histórico, do qual fica a recomendação: "Circle in the Round". Reúne faixas gravadas ao longo de 15 anos (1955/1970), onde o pistonista atuou com os maiores nomes do jazz contemporâneo. São poucas faixas, mas em cada uma houve a intervenção de músicos da força de Ron Carter, Bill Evans, Hancock, Wayne Shorter, Joe Zawinul ou mesmo de nossoAirto Moreira, fazendo deste álbum duplo um documento histórico e indispensável aos que acompanham jazz.
A Verve, que volta a ter seu esplêndido suplemento jazzistico aproveitado pela Polygram, comparece com alguns lançamentos jazzísticos, entre os quais dois discos são indispensáveis aos que apreciam a arte do saxofone: "Blues A Plenty" traz Johnny Hodges, no sax alto, acompanhado de Roy Eldridge (trompete), Vic Dickenson (trombone), Bem Webster (sax tenor), Billy Strayhorn (piano), Jimmy Wood (baixo) e Sam Woodyard (bateria). Numa sessão histórica, realizada a 5/4/1958, foram gravados 11 temas, dois de Duke Ellington ("Sation Doll" e "I Didn't Know Abouyt You") e quatro do próprio Hodgest ("Cool Your Motor", "Honey Hill", "Blues, A Plenty" e "Saturday Afteroon Blues" e "Reeling and Rocking").
LEGENDA FOTO 1 - Coleman Hawkins & Ben Webster
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