Geléia Geral
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de fevereiro de 1988
Quando convocou o cineasta de vanguarda, Derek Jarman, para fazer o videoclip promocional do elepê gravado em 1986 - "The Queen is Dead", o grupo inglês The Smiths ganhou notoriedade promocional. Embora o grupo tivesse nascido em 1982, do encontro de Johnny Marr com o vocalista Morrissey - e ao qual se acrescentaram o baixista Andy Rourke e o baterista Mike Joyce, muitos shows na Inglaterra e EUA, foi preciso um título agressivo no elepê, provocando a família real inglesa, para ganhar maior popularidade. As provocações continuaram, quando, nos EUA, lançaram um compacto que tinha um refrão marcado "Hang the D. J. / Enforquem o Disk-Jóckey", que chegou às paradas em 11º lugar. Hoje, The Smiths tem imensa popularidade internacional e a WEA, que aqui editou seus últimos álbuns, traz agora o histórico "The Smiths", o primeiro álbum que fez - incluindo sucessos consagrados como "Hand in Glove", "What Difference does it Make?" e "Still Ill".
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Moacir Machado, experiente record-man, sabe escolher gente que agrada o povão. Conseguiu fazer de Sula Miranda - irmã de Gretchen - a musa dos caminhoneiros e uma das campeãs de vendagem na 3M. Machado também levou para esta etiqueta o gatão Gillard, brega sim, mas com público fidelíssimo. E o moço está até melhorando, com um repertório em que intercala suas composições ("Entre Amigos", "Preciso Crer", "Faz um Pouco Mais"), composições comerciais mais de bom gosto como "Lindo Pôr do Sol" (Eduardo Lages / Paulo Valle), "Quem Sou Eu?" (Martinha / Iranfe), e "Fênix" (Sérgio Sá / Wally Boanchi).
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Martinha também está na 3M, estreando com um elepê no qual assume um novo estilo, distante daquela fase da Jovem Guarda: "...Aos amigos, aos Amantes, a Você". O ex-Queijinho de Minas, é uma bela mulher, mais madura, com canções como "Copo de Vinho", "Quem Diria", "Melhor Momento" e "Meu Amigo", mas não esquece os amigos Roberto / Erasmo Carlos ("Você") e até faz uma nova leitura do belíssimo "Boa Noite, Amor" (José Maria Abreu / Francisco Matoso). Com um bom esquema promocional, ótimo visual, Martinha está em plena forma ao cruzar a casa dos 40 anos.
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Markinhos Moura (Marcos Antônio Sampaio, cearense, 24 anos), surgiu como uma cópia perfeita de Elis Regina. Com sua voz lembrando a grande cantora, chegava até a confundir muita gente. Mas o moço tem talento grande e há até quem aposte nele como o futuro maior cantor romântico do Brasil. Felizmente está deixando de ser apenas a cópia masculina (sic) de Elis e tenta um repertório próprio (elepê "Anjo Azul", Polygram): Carlos Colla / Chico Roque ("Coisas Proibidas"), Paulo Debétio / Paulinho Resende ("Você sobre a Minha Pele") e até o baiano Luiz Caldas ("Estrela do Céu", mais a música título, que não é homenagem a Marlene Dietrich - composição do Trio Norival de Paula / Paulo Debétio), e inclui duas versões: "Não Fuja de Mim" (Hoy por ti, Manana por Mi) e "Antes de Ter Você" (Nadie Mehor que Tu).
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Aos 42 anos, diferente da sardenta cantora de "Datemi un Martello", a italiana Rita Pavone esteve no Rio e São Paulo em outubro do ano passado, mostrando novo visual. Foi a quinta turnê - nas duas primeiras (1964/65) estava no auge e era chamada de "Mosquito" (chegou a trabalhar em dois filmes dirigidos por Lina Wertmuller: "Rita", O Mosquito" e "Não Brinque com o Mosquito"). Sua última temporada havia sido em 1970. Claro que o retorno de Rita tinha que resultar na edição de um disco e a Continental lançou "Per Sempre", com algumas curiosidades. Por exemplo, "Fortíssimo", tem letra de Lin Wertmuller (a propósito, ela letrou vários temas de Nino Rotta, para um álbum duplo gravado por Katina Ranieri, na Itália). Oito faixas são da própria Rita, que incluiu ainda uma homenagem a Cole Porter, com "I've Got you Under my Skin". Como Rita tem um fiel fã-clube presidido por Fábio Marinho - é possível que outros de seus discos apareçam por aqui.
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