Gente
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de março de 1974
"Semente de amor/sei que sou/desde a nascença"
Nesta frase de um simples Samba talvez esteja o mais lindo verso da música popular brasileira. Pelo menos duas das pessoas que mais de perto então de nosso cancioneiro pensam assim: Paulinho da Viola (Paulo Cesar Baptista de Faria, 32 anos) e Sérgio Cabral. Não é necessário muitas palavras para explicar quem são estas duas figuras: o compositor-cantor que mais do que nenhum outro soube valorizar a mais autêntica música popular e o jornalista que como poucos outros se preocupou em pesquisar e divulgar a nossa cultura popular. E o autor desta poesia maior da MPB é um homem de extrema simplicidade - como simples são realmente as pessoas realmente talentosas as pessoas que realmente tem algo de iluminado dentro de si: o Cartola, Angenor de Oliveira, 65 anos (afinal só completará 65 em outubro, dia 11), carioca da Rua Ferreira Viana, 74, Catete. Alto magro, bigode finos e sempre de óculos escuros, Cartola é um compositor que dentro da cultura popular brasileira ainda não foi ao menos superficialmente valorizado. Exceptuando o fascículo n.º 17 da << História da Música Popular Brasileira >>, onde aparece ao lado de outro nome marcante - Nelson Cavaquinho, e algumas gravações esporádicas, só agora Carlota gravou o seu primeiro lp, incluído pelo Victor em sua série << Documentos >>. Entretanto, é Carlota talvez o mãos profundo e poeticamente perfeito dos compositores populares, com uma obra imensa, de uma beleza incomensurável - e impossível - e impossível de ser sintetizada em um simples registro jornalístico. Só o convívio com esre homem de rara dimensão humana, embora na rapidez de uma visita relampago para integrar a comissão julgadora do carnaval, pode dar a exata idéia de toda a sua maravilhosa obra e ajudar a compreender que reuniram-se com Paulinho da viola, tem razão ao atribuir a sua (ilegível)
(<< Canta Brasil >>) e Benedito Lacerda (1903-1958) - << Brasil >> (letra de Aldo Cabral). Com a discreta utilização de um bom coral, arranjos ora sinfônicos, ora populares, << Brasil Com << S >>, é um disco Rogério Drupat como o arranjador do ano. Ou, no mínimo, este como o lp orquestral da temporada. Um disco de exportação classe << a >>.
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