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Aramis

Goethe traz o novo cinema da Alemanha

Desde 1972, quando a direção geral do Goethe Institut, de Munique, decidiu ativar o Instituto Cultural Brasileiro-Germânico, que os curitibanos têm sido privilegiados com uma atualização up to date do que existe de mais importante na República Federal da Alemanha. Se durante tantos anos o ICBG não passava de uma modesta escola de língua alemã, a partir da chegada do casal Helmut-Heided Liede, ao lado da dinamização didática, importantes eventos começaram a ter lugar. Não apenas trazendo ciclos de filmes, exposições, conferencistas, promovendo cursos de extensão cultural etc., mas numa integração local - com co-produções teatrais, que fizeram inclusive Heided, formada em Letras pela Universidade Federal do Paraná, especialista na obra de Mário de Andrade e Guimarães Rosa, a fazer traduções de peças de autores alemães como Franx Xavier e estimular produções locais. Assim, há duas semanas, quando veio, particularmente, rever seus amigos em Curitiba, Heided foi cercada de espontâneas e sinceras homenagens. Residindo há 4 anos em Toronto, onde dirigem o Goethe Institut, o casal Lied não esquecem o Brasil e, particularmente, os 7 anos que marcaram em Curitiba. xxx Felizmente o trabalho implantado pelo Lied, teve seqüência com o substituto, professor Heinrich Heimr. E o Goethe patrocina um ciclo de conferências do professor Klaus Tenfeld, 41 anos, que no Departamento de História falou ontem sobre Cultura Popular na era da industrialização e hoje, pela manhã, aborda - "A família operária na era da industrialização". Tenfeld, doutorado em História, é autor de vários livros sobre lutas operárias e sociais, entre os quais "Greve - a história da luta trabalhista na Alemanha durante o período da industrialização". xxx O cinema alemão - que hoje tem alguns cineastas (Fassbinder, Schlondorff, Herzog etc) capazes de atrair um público aos circuitos comerciais, têm sido insistentemente divulgado no Brasil graças ao Goethe. Centenas de filmes que jamais chegariam às nossas telas, têm vindo em ótimas cópias, legendadas em português, que são exibidos no Cine Groff e Cinemateca do Museu Guido Viaro. Na Cinemateca, a partir de hoje, nova mostra de inéditos de novos cineastas - além de um filme importantíssimo como "A Roleta Chinesa", 1976, de Werner Fassbinder (1946-1982) e a reprise de "O Tambor", 1979, de Volker Schlondorff, Oscar de melhor filme estrangeiro 1980 (único filme deste ciclo que teve lançamento comercial no Brasil). A mostra abre com "Um Mais Um São Três" (1 + 1 = 3), 1979, de Heidi Genée, uma das muitas cineastas alemãs. Assistente de direção e montadora, Heidi rodou em 1979 o curta "Hinter Ihnen Dreht Einer", seguido em 1968 por "Fruhnarichtchen". Seu primeiro longa-metragem, "Grete Minde" foi em 1976 e posteriormente a este "1 + 1 = 3" realizou "Stachel im Fleisch" e "Kratprobe". O tema deste filme é interessante: Katerina (Adelheid Arndt), jovem atriz está grávida e dividida entre dois homens: o advogado Bernahrd, pai da criança, só quer a mãe; enquanto o psicólogo Jurgen aparentemente só se interessa pela criança. Dois pais são demais e apesar das dificuldades, Katherina opta por permanecer mãe solteira. Dois outros filmes desta mostra também são realizações de mulheres: "Malou" (Sexta-feira, 22), de Jeanine Meerapfel e "La Ferdinanda" (dia 27, quarta-feira), de Rebecca Horn. Amanhã, quarta-feira, será apresentado "O Relatório de Willi-Busch", 1979, de Niklaus Schilling. Aos 39 anos, 22 de cinema, Schilling tem vários curtas-metragens e 7 longas-metragens. xxx Um aspecto importante nesta mostra patrocinada pelo Goethe Institut: duas sessões todas as noites, às 19h30min e 22 horas - possibilitando que maior número de espectadores possa conhecer os novos cineastas alemães.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
19/03/1985

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