Humor irreverente do Joelho de Porco
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de janeiro de 1989
Há alguns anos, na primeira (e única) edição da Feira do Humor de Curitiba, houve uma noite para se debater o humor na MPB. Entre os convidados, Tarik de Souza, um dos mais respeitados jornalistas da área musical, fez uma bem cuidada exposição mostrando a importância do humor em nosso cancioneiro. Um tema que pode render todo um livro, tal as múltiplas experiências que têm acontecido ao longo de quase um século de MPB. E dentro do humor musical, um dos grupos que há mais tempo vem realizando trabalho dos mais interessantes é o Joelho de Porco, criado em 1970, por iniciativa de dois brincalhões de talento - Tico Terpins e Prospero Albanese e que sem compromissos maiores, com algumas substituições, chega à maioridade civil orgulhando-se de nunca ter emplacado nenhum sucesso e ainda ser um conjunto vocal praticamente desconhecido. Entretanto é um grupo "cult", que desde a primeira gravação que fez (um lp lançado pela Som Livre) sempre se caracteriza pela fina ironia e gozação - que, mais tarde, influenciaria outros conjuntos paulistas - como o Premeditando o Breque.
Hoje contando com a participação também de Zé Rodrix (compositor de muitos sucessos, múltiplo talento) e David Zingg, o Joelho de Porco fez um elepê absolutamente anárquico intitulado "18 Anos sem Sucesso" (Estúdio Eldorado), que após o cultuado e pouquíssimo conhecido "Saqueando a Cidade", reúne a ironia e sátira ao longo de suas faixas. Um texto tão criativo quanto bem humorado que foi distribuído pelo Estúdio Eldorado mostra o humor do Joelho de Porco, merecendo que - para alegrar este domingo - seja aqui transcrito. Com a recomendação de que o disco é imperdível para quem gosta de fugir da mesmice consumista da MPB. Que o Joelho de Porco continue sem sucesso mas fazendo uma obra udigrudi tão irreverente e criativa como esta.
LEGENDA FOTO - Joelho de Porco: brincando sempre com a música.
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