Lauro apresenta Fábio Luz, um novo virtuose do piano
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de janeiro de 1990
Se houvesse uma premiação no evento patrocinado pela Sharp para o produtor-revelação, sem dúvida que Lauro Henrique Alves Pinto mereceria a honraria. Homem culto, profundamente identificado ao meio musical, ampliou produções inicialmente elaboradas para clientes especiais para uma etiqueta que vem crescendo em qualidade a cada ano. Sem preocupações de grande catálogo ou tiragens - mas buscando um público-alvo - Lauro Hnerique tem trazido a marca da qualidade em suas produções.
Assim fez com magnifícos álbuns do violonista Sebastião Tapajós - "Romanza" (1984), "Visões do Nordeste" (1987), "Villa-Lobos" (88) e, agora, "Terra Brasilis" (89), ao mesmo tempo que ofereceu ao excelente pianista, compositor e arranjador Gilson Peranzzeta - a custa de quem Ivan Lins fez grande parte de seus sucessos - de mostrar seu talento-solo, inicialmente em "Seiva" e, no final de 1989, com "Cantos da Vida".
Com o cuidado que caracteriza todas suas produções - gravações nos melhores estúdios (ou então, ao vivo, em salas com excelentes acústicas), capas trazendo obras de arte - quadros especialmente encomendados - Luiz Henrique Alves Pinto lançou de uma só vez três álbuns do pianista Fábio Luz, 33 anos, paulista de Sorocaba, há 12 anos residindo em Torino, na Itália - o que explica o fato de ser relativamente um nome pouco conhecido no Brasil. Mas se ainda não está entre os virtuoses de marketing em nosso país, internacionalmente a carreira de Fábio Luz não poderia ser mais expressiva com inúmeros prêmios e uma agenda lotada - o que o tem impedido, inclusive, de fazer apresentações no Brasil. Em férias, veio passar o Natal com seus familiares e Lauro Henrique agendou alguns concertos, interessando, inclusive, a pianista Maria Leonor Mello, presidente da Pró-Música de Curitiba (que está tentando fazê-la renascer das cinzas) em patrocinar um deles - para que o público conheça a arte deste jovem e brilhante pianista.
Desde 1962 que Fábio Luz dedica-se ao piano. Estudou com Eudóxia de Barros no Conservatório de São Paulo, onde diplomou-se com grau máximo em 1975. No mesmo ano iniciou o curso de aperfeiçoamento com Maria José Carrasquera, concluído com louvor em 1977. No ano seguinte mudou-se para Paris onde freqüentou a classe de Eliane Richpia na Universidade Musical Internacional até 1982, quanto conquistou o diploma de Mestre em Música Francesa com o grau máximo.
Concursos sucederam-se: desde o primeiro prêmio do Conselho Estadual de São Paulo (1971) a idênticas colocações no concurso em Paris (81) e Concurso Debussy, França (1978). Radicado em Torino, sua atividade é intensa: desde a direção do Conservatório Asti aos cursos de alto aperfeiçoamento pianístico, formando uma sólida reputação, que inclui também a direção de corais, como do secular coral da Catedral de Santo Eustaqui em Paris. É também compositor de música de câmara e com mais de 400 apresentações na Europa está provado o seu conceito - que o faz trabalhar como solista de orquestras regidas por David Zinmann, Rudolf Buchbinde, Tomas Vassary, Galber, Luchesini, Richter e outros. Uma das características de Fábio Luz é sua capacidade de reter repertórios imensos e de extrema complexidade.
Agora, a L'Art lança, simultaneamente no Brasil e na Itália, dois discos: "Valsas Nobres e Sentimentais", com a peça título e a "Pavana para uma Princesa Morta", de Ravel, além das variações sobre um tema de Corelli (de Rachmaninov) e 7 canções de Gershwin; em "Imagens", com composições de Debussy, começando com a "Raverie" e encerrando com "L'Isle Joyeuse". Dois outros discos de Fábio também estão saindo: "Alma Brasileira", dedicado a Villa-Lobos e "Luz: o Brilho da Noite", este ainda não colocado nas lojas.
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