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Lauro apresenta Fábio Luz, um novo virtuose do piano

Se houvesse uma premiação no evento patrocinado pela Sharp para o produtor-revelação, sem dúvida que Lauro Henrique Alves Pinto mereceria a honraria. Homem culto, profundamente identificado ao meio musical, ampliou produções inicialmente elaboradas para clientes especiais para uma etiqueta que vem crescendo em qualidade a cada ano. Sem preocupações de grande catálogo ou tiragens - mas buscando um público-alvo - Lauro Hnerique tem trazido a marca da qualidade em suas produções. Assim fez com magnifícos álbuns do violonista Sebastião Tapajós - "Romanza" (1984), "Visões do Nordeste" (1987), "Villa-Lobos" (88) e, agora, "Terra Brasilis" (89), ao mesmo tempo que ofereceu ao excelente pianista, compositor e arranjador Gilson Peranzzeta - a custa de quem Ivan Lins fez grande parte de seus sucessos - de mostrar seu talento-solo, inicialmente em "Seiva" e, no final de 1989, com "Cantos da Vida". Com o cuidado que caracteriza todas suas produções - gravações nos melhores estúdios (ou então, ao vivo, em salas com excelentes acústicas), capas trazendo obras de arte - quadros especialmente encomendados - Luiz Henrique Alves Pinto lançou de uma só vez três álbuns do pianista Fábio Luz, 33 anos, paulista de Sorocaba, há 12 anos residindo em Torino, na Itália - o que explica o fato de ser relativamente um nome pouco conhecido no Brasil. Mas se ainda não está entre os virtuoses de marketing em nosso país, internacionalmente a carreira de Fábio Luz não poderia ser mais expressiva com inúmeros prêmios e uma agenda lotada - o que o tem impedido, inclusive, de fazer apresentações no Brasil. Em férias, veio passar o Natal com seus familiares e Lauro Henrique agendou alguns concertos, interessando, inclusive, a pianista Maria Leonor Mello, presidente da Pró-Música de Curitiba (que está tentando fazê-la renascer das cinzas) em patrocinar um deles - para que o público conheça a arte deste jovem e brilhante pianista. Desde 1962 que Fábio Luz dedica-se ao piano. Estudou com Eudóxia de Barros no Conservatório de São Paulo, onde diplomou-se com grau máximo em 1975. No mesmo ano iniciou o curso de aperfeiçoamento com Maria José Carrasquera, concluído com louvor em 1977. No ano seguinte mudou-se para Paris onde freqüentou a classe de Eliane Richpia na Universidade Musical Internacional até 1982, quanto conquistou o diploma de Mestre em Música Francesa com o grau máximo. Concursos sucederam-se: desde o primeiro prêmio do Conselho Estadual de São Paulo (1971) a idênticas colocações no concurso em Paris (81) e Concurso Debussy, França (1978). Radicado em Torino, sua atividade é intensa: desde a direção do Conservatório Asti aos cursos de alto aperfeiçoamento pianístico, formando uma sólida reputação, que inclui também a direção de corais, como do secular coral da Catedral de Santo Eustaqui em Paris. É também compositor de música de câmara e com mais de 400 apresentações na Europa está provado o seu conceito - que o faz trabalhar como solista de orquestras regidas por David Zinmann, Rudolf Buchbinde, Tomas Vassary, Galber, Luchesini, Richter e outros. Uma das características de Fábio Luz é sua capacidade de reter repertórios imensos e de extrema complexidade. Agora, a L'Art lança, simultaneamente no Brasil e na Itália, dois discos: "Valsas Nobres e Sentimentais", com a peça título e a "Pavana para uma Princesa Morta", de Ravel, além das variações sobre um tema de Corelli (de Rachmaninov) e 7 canções de Gershwin; em "Imagens", com composições de Debussy, começando com a "Raverie" e encerrando com "L'Isle Joyeuse". Dois outros discos de Fábio também estão saindo: "Alma Brasileira", dedicado a Villa-Lobos e "Luz: o Brilho da Noite", este ainda não colocado nas lojas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
25
28/01/1990

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