Login do usuário

Aramis

Iluminada chegada do brasileiro Fábio Luz

Independente, pequena, mas com um dos melhores catálogos do Brasil, a L'Art está fazendo a primeira edição em CD. Trata-se de duas primeiras gravações no Brasil: a Sonata Opus 35 e a Polonaise Fantasia, opus 62, de Chopin, além de dois Noturnos, opus 27. Interpretados por um dos virtuosos brasileiros que, com sólida carreira na Europa, especialmente na Itália, permanecia praticamente desconhecido no Brasil, se o incansável produtor Lauro Henrique não viesse, já há dois anos, em álbuns em vinil - agora em CD - lançando suas gravações. Trata-se de Fábio Luz, discípulo de Eliane Richepelin em Paris e que se registra na melhor escola para obras mais profundas do mestre polonês. Aos 35 anos, Fábio Luz herdou as qualidades de madame Richepelin (que revalisou com Alfred Cortol, ambos discípulos de Marguerit Long, na disputa elegante do primado intérpretativo de Chopin). Fábio mostra em suas gravações (e concertos) uma atmosfera que raramente se consegue extrair dessa música. Paulista de Sorocaba, aos 5 anos Fábio já estudava piano com Maria de Oliveira Cordeiro. Depois foi aluno de Maria José Carrasqueira - quando obteve os Prix Internacional Debussy e o Prix d'Excellence na França. Após aulas com Bruno Seidhofer, fez sua primeira carreira na Itália - só a partir de 1985 começando a voltar, para apresentações especiais, no Brasil. Com sua experiência de musicólogo e produtor cultural, Lauro Henrique avaliza: a "Sonata" agora gravada por Fábio é, certamente, uma das dez melhores da literatura pianista e são raros os artistas que a tocam decentemente e a mantêm no repertório. "A "Polonaise", por seu turno, consideramos uma estréia, mesmo admitindo que a L'Art já editara anteriormente com Artur Moreira Lima numa gravação feita nos EUA. Acontece que, muito tempo depois, ficamos constrangidos desta obra que ele não aprendeu corretamente e, graças a Deus, aboliu de seu reduzido disco sem que passe por uma criteriosa análise da técnica e da interpretação, inclusive porque a característica documental do disco pode criar falsas idéias ao público e aos intérpretes mais jovens, por falta de outros elementos de comparação, fato que ocorre com freqüência. Para esta "Recital Chopin", a L'Art fez uma tiragem européia maior do que a produzida para o Brasil. Dentro de seus projetos, Lauro Henrique já tem programado um disco de outro pianista jovem, Edison Elias, com interpretações maduras de quatro sonoras de Beethoven (abrangendo as quatro fases do compositor), enquanto Fábio Luz já terminou um CD com a obra de Villa-Lobos. Outro disco que deve sair nas próximas semanas é o curioso "Canções Hebraicas", com a sopramo holandesa Ruth Frank, acompanhada pelo mesmo Fábio Luz ao piano. São 8 canções hebraicas e mais cinco de Mario Castalnuovo Tedesco cantadas em ladino, dialeto dos judeus da península ibérica. Ainda este ano, L'Art editará dois discos dedicados a Mozart. Serão gravações com o "Zur Wholtatingkeit Ensemble'7" - (nome derivado da loja maçônica na qual Mozart foi iniciado em 1784), foram por seis solistas - o grande flautista italiano Antonmario Semoline, os violinistas Elio Lercara e Jorge Roberto Regio, o viola argentino Nestor Enrique Panik e o violoncelista italiano Marco Ferrari mais o brasileiro Fábio Luz ao piano. O programa abrange seis sonatas para piano e flauta e quatro quartetos e os discos serão lançados na Europa.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
12/05/1991

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br