Livro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de janeiro de 1973
Com o recente lançamento de A simples vida, de José Paulo Moreira da Fonseca, a Livraria Olympio Editora reapresenta ao público leitor e à crítica a poesia de um dos nomes mais representativos das novas gerações, ou da chamada geração de 45, que agora aliás vai completando o cinqüentenário cronológico, como é o caso do próprio José Paulo Moreira da Fonseca. Desse ponto de vista, inclusive, há outra coincidência a anotar: A simples vida edita-se 25 anos depois da estréia do autor em livro, ocorrida em 1947 com Elegia diurna, por sinal também lançamento da Editora José Olympio. Com prefácio de Eduardo Portella e posfácio de Roberto Alvim Corr6ea, A simples vida reúne a produção do autor nos últimos quatros anos, e não se afasta de algumas tendências e constantes de poesia do autor manifestadas desde o primeiro livro, que aliás o colocam em posição singular e inconfundível entre os seus companheiros de criatividade literária. Poeta e pintor, José Paulo ao exprimir-se pelo verbo sempre o faz, entretanto, dentro de uma perspectiva visual e pictórica, que mereceu de Carlos Drumond de Andrade a observação de que seus versos são trabalhados por uma sensibilidade plástica e visual que, nos seus quadros, se mescla ao lirismo sóbrio e intelectualmente organizado. Poeta alimentado pelo espiritualismo cristão, o autor de A simples vida não é entretanto um atormentado, um desesperado antes a inevitabilidade da condição humana.
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