Estrela de Clarice
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de fevereiro de 1985
Entre os livros de melhor tratamento visual lançados em 1984 encontra-se a 7ª edição de "A Hora da Estrela", de Clarice Lispector (1925-1977). Após seis edições pela José Olympio, a Nova Fronteira reeditou este romance justamente no momento em que a cantora Maria Bethânia estreava o seu espetáculo musical inspirado no mundo literário de Clarice. E a capa do romance traz uma belíssima montagem em que um rosto colorido da inesquecível Marilyn Monroe aparece num canto de janela de uma casa humilde - em que, em preto e branco, figura uma anônima mulher. Um trabalho de rara beleza, infelizmente sem crédito no livro - o que surpreende, já que a Nova Fronteira é uma das mais cuidadosas casas publicadoras.
O professor, crítico e ex-ministro Eduardo Portella fez um esclarecedor prefácio que ajuda a se entender melhor a trajetória da moça alagoana que vem para a cidade grande, cheia de sonhos e ilusões - e é o símbolo de todo um povo. Bem diz Portella: "ela deixa de ser o transeunte amazônico, solitário e inconseqüente, para adquirir o sentimento de uma provocação em aberto".
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