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Aramis

Marguerite, mon amour

Através do roteiro de "Hiroshima, Mon Amour", que Alain Resnais filmou em 1959, Marguerite Duras se tornou conhecida em muitos países. Era a época do noveau-roman e sua linguagem em códigos, rompendo a narrativa tradicional, foi levada a extremos ainda maiores em "O Ano passado em Mariembad", que o mesmo Resnais fez em 1961 - e que, até hoje, continua a ser um filme-esfinge. Entretanto, já em 1950, Marguerite, filha de pais franceses, nasceu na Conchina (hoje Vietnã), em 1914 - já havia publicado um romance inovador, "Un barrage contre le Pacifique", que em 1958 Rene Clement filmou com Silvana Mangano e Tony Perkins e que no Brasil se chamou "Terra Cruel". Peter Brook, 70 anos, nome maior do teatro inglês, em sua segunda tentativa cinematográfica, levou em 1960 a tela outro romance de Marguerite Duras - "Moderato Cantabile" (no Brasil, chamou-se "Duas Almas em Suplício", com Jean Paul Belmondo e Jeanne Moreau). Poucos viram este filme - mas os que o assistiram não esqueceram a linguagem inovadora e a beleza dos diálogos. Agora, numa edição da José Olympio, a chance de se conhecer este romance, publicado originalmente em 1958. Ironia: famosa pelos seus roteiros, Marguerite Duras que entusiasmada pelo cinema de Resnais também se voltou a direção, nunca teve nenhum de seus filmes aqui exibidos: "Índia Song" (1973), "La Femme du Gange" (1973), "Le Camion" (1977), e "Savannah Bay" (1982). Há dois anos, dois monstros sagrados de nosso teatro - Tonia Carrero e Paulo Autran - encenaram sua peça "A amante inglesa" (1968). Agora, paralelamente a edição de "Moderato Cantabile", a Nova Fronteira editou também "O vice-Consul", um de seus romances, escritos em 1965. A própria Marguerite Duras reconhece "Moderato Cantabile" como uma ruptura e um reinício em sua obra: - "Há toda uma época durante a qual escrevi livros, até "Moderato cantabile", que eu não reconheço... Eu escrevia como se trabalhasse num escritório, todos os dias, tranquilamente". Diz ainda a autora: - "O que eu conto em "Moderato cantabile" é a história de uma mulher que quer ser morta. Eu vivi isso... não foi uma história... eu digo uma história de amor, mas era uma história... como dizer? - sexual.["] Uma história inquietante, difícil até - publicada em edição bilingue (tradução em português de Vera Adami) e que se inclui entre os mais importantes lançamentos da José Olympio neste semestre.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Leitura
39
23/06/1985

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