McLaughlin & Gismonti, o show do ano
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de abril de 1979
Willer Butika (Willwe José de Mattos), 33 anos, mineiro de Belo Horizonte, veio na sexta-feira confirmar a inclusão de Curitiba entre as 7 capitais brasileiras que assistirão um dos mais importantes espetáculos de música nesta temporada: o Tropical Jazz-Rock, que soma nada menos do que o mais famoso guitarrista contemporâneo, em termos internacionais, John McLaughlin e sua eletric band ao não menos mundialmente famoso Egberto Gismonti, com seu grupo. Academia de Danças. Trata-se de um espetáculo, em níveis profissionais, nunca antes produzido no Brasil, num investimento de mais de Cr$ 10 milhões, transporte de toneladas de equipamento de som & luz em quatro caminhões e mais de 40 pessoas diretamente envolvidas. Paralelamente todas as 7 apresentações no Brasil - e duas no Luna Park, em Buenos Aires (29 e 30 de maio) serão gravadas e filmadas por uma equipe de 4 fotógrafos, chefiada pelo premiado Dib Lufti. Logicamente, um álbum - possivelmente duplo ou driplo, e um filme de longa metragem, serão editados - com lançamento no Brasil e Europa, e demais países da América Latina por Butika, enquanto que nos EUA e Canadá a exploração desta produção serão do próprio McLaughlin.
Aos 34 anos, o inglês MacLaughlin é mundialmente conhecido por sua genialidade na guitarra, já tendo tocado com os maiores músicos contemporâneos, além de ter formado um conjunto próprio, a Mahavishnu Orchestra, com a qual fez muito de seus quase 20 elepês - onze dos quais a CBS já editou no Brasil. Nos últimos meses, McLaughlin - que foi uma das maiores estrelas no Iº Festival Internacional de Jazz, em São Paulo (setembro/78), excursionou pela Europa Central, com um grupo do qual fazem parte Stu Goldberg (teclados), Tony Smith (bateria), Fernando Sandera (baixo), L. Shankar (violino) e o brasileiro Alyrio Lima (percussão).
Já em relação a Egberto Gismonti, 34 anos, fluminense do Carmo, basta se dizer que é hoje, ao lado de Milton Nascimento, João Gilberto e Antônio Carlos Jobim, um dos instrumentistas-compositor brasileiro mais conhecidos internacionalmente, com seus discos lançados em vários países e agenda de compromissos preenchidas por muitos meses. "Dança das Cabeças", que gravou com o percussionista Naná Vasconcellos (que acaba de fazer na ECM, em Oslo, seu segundo lp-solo, a ser editado no Brasil pelo próprio Butika, em selo "Rubt Blue") foi escolhido o melhor disco de 77, por duas das mais importantes revistas internacionais de som, "Sol de Meio Dia", gravado com o grupo Oregon, em 1978, sai agora, em maio, pela Odeon, enquanto na Europa, já apareceu, pela ECM, "Solo", sua mais recente produção. Entusiasmado com o alto sentido profissional de Willi Butika, que produziu sua excursão em várias cidades pelo Brasil no ano passado - quando esteve, por 2 noites, no Guaíra, Gismonti aceitou dividir um espetáculo com McLaughlin, abrindo uma faixa para que o público brasileiro possa conhecer o som mais contemporâneo que se faz - liberto de títulos, gêneros e influências, capaz de motivar um público que vai lotar os maiores auditórios do País. Para tornar possível o acesso a esta única apresentação que McLaughlin e Gismonti farão em Curitiba - dia 21 de maio, segunda-feira - Butika optou ginásio do Círculo Militar do Paraná, já que toda as demais apresentações também serão nos maiores espaços - a começar pelo ginásio da Portuguesa (a mil lugares), em São Paulo, onde haverá a estréia, dia 12.
Considerando a dimensão do espetáculo - e o fato de existir apenas 7 apresentações no Brasil, Butika vai montar um esquema especial de produção, com venda antecipada dos ingressos - temendo inclusive que, tal o entusiasmo do público, caiam os ingressos - das arquibancadas e poltronas, a terem preços fixados nos próximos dias - nas mãos de espetaculadores do câmbio negro.
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