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Aramis

Mulher I: Isabel

É como cruzar a porta de um túnel mágico para o mundo de Alice no País das Maravilhas: nas paredes da casa de arte de Jorge Carlos Sade estão em exposição os trabalhos mais fascinantes apresentados em exposições no Paraná nestes últimos anos. Animais estranhos - mas incrivelmente simpáticos - em elegantes trajes, a presença de sapos e rãs envolvidos num clima de encantamento, duendes, seres estranhos, tudo em cores suaves, distantes. Impossíveis de serem descritas em palavras. A mostra de Isabel Bakker, inaugurada na noite de terça -feira é simplesmente fascinante. Cabe aos especialistas como Aurélio Benitez a apreciação profissional do trabalhos desta nova fase de Isabel Bakker, que em apenas cinco anos de atividades profissionais atingiu um estágio que há maioria dos desenhistas não consegue antes dos 20. Ao simples apreciador do belo, os trabalhos de Isabel emocionam, inundando os olhos com um mundo surrealisticamente suave, sem imagens pesadas, mas também fugindo do convencional. Desenhos multificiais, com toda a uma gama para interpretações, onde a perfeita técnica (cada desenho custa quase 100 horas de trabalho) une-se a visão de unir mulher de extrema necessidade, vivência européia (filha de espanhóis, estudou em Madri e Barcelona), e que num perfeito ambiente emotivo - seu marido é respeitado psicólogo e professor universitário - liberta seus neunônios, em imagens e cores com imagens fantásticas. *** Dos 25 desenhos de Isabel Bakker em exposição na Acaiaca vários já estão vendidos e, acreditamos que em uma semana, toda a mostra estará colocada. Pois Jorge Carlos Sade, exemplo de marchand - de - tablaux sabe organizar as vendas e graças a isso, em 25 lares de bom gosto da cidade, haverá agora um pouco do mundo mágico e fascinante de Isabel Bakker, com suas figuras que parecem ter saído das ilustrações dos livros de Lewis Caroll. Muito se pode dizer dos desenhos de Isabel Bakker, mas, pessoalmente, ficamos apenas na contemplação. E na certeza de que mais que nenhum outro artista local, ela é hoje uma das desenhistas do Paraná que mais merece uma projeção nacional. FOTO LEGENDA- O mundo fantástico de Isabel Mulher II: Maria de Jesus Maria de Jesus Coelho é uma mulher que ainda acredita na poesia. Em suas fortificações de sensibilidade, atrás de muralhas de livros dos melhores autores e vivência intensa. Fora das horas em que é uma das imprescindíveis assessoras do Hospital de Clinica, faz suas crônicas, poesia , textos livres, libertos - como ela própria o é. Há alguns meses, por conta própria, editou dois livros inovadores, de páginas descartáveis e que reuniu seus textos - em prosa e verso, com sua visão do mundo. Na semana passada. Maria de Jesus autografou seus livros em Londrina, aonde foi por amizade e não por badalação encontrando a cordialidade que merece ("Imagine que até colocaram faixa na rua alusiva ao lançamento. Além de reproduções de poemas e fotos... Sabe foi um momento de grande felicidade"). Agora. Maria de Jesus está presenteando seus amigos com as provas de seu "Poesia 3/1977", que deve sair nas próximas semanas. Em papel requintado, distribuídos em quadros, os poemas são da fase "latinidade" de Maria de Jesus, com as respectivas traduções em espanhol (feita por uma nissei. Terumi Koto), Maria de Jesus é prova de a poesia não morre - ao contrário renasce a cada manhã. Com ela dizendo versos como este: "Recolha toda a poesia derramada/pelos campos latinos aqui está a autorização/ para posse e dispor/ não se assuste/ não chore/ choria/ mesmo que versos tristes façam parte/ já que não são a mais importante/ foram cochilos da espera/ pela raiz dessa América Latina". Mulher III: as modelos Apesar de institucionalmente proibida, a mais original das greves já está acontecendo no arraial plástico da cidade: descontentes com a falta de pagamento de seus honorários, as modelos da Escola de Música e Belas Artes do Paraná estão desistindo de posar para os alunos. Desde o final do último semestre, o modelo e atriz Denise Assumpção - um dos mais belos exemplares do "Black power" tupiniquim, desistiu de trabalhar na EMBAP: além do cachê mensal insignificante (Cr$ 500,00), por 4 horas semanais de trabalho, o mesmo é pago com atraso de muitos meses. Posando vestidas, duas idosas abrigadas do Asilo das Velhas - dona Maria e dona Filomenta - também estão sem receber os seus cachês (Cr$ 300,00) há muitos meses, num desrespeito humano e profissional. Até p jovem Telinho (Emílio Valentom) que posa nú, para algumas turmas, está desistindo deste trabalho. *** A falta de modelos para os alunos de Belas Artes não é novidade. A Secretaria de Educação e Cultura sempre recusou-se a contratar modelos fixos, preferindo pagar cachês miseráveis, evitando o estabelecimento de vínculo empregatício. Uma das poucas modelos que permaneceram vários anos na Escola foi Iolanda Barbosa, hoje trabalhando na Secretaria. E com a falta de modelos, alunos de várias turmas estão sem aulas práticas de desenho anatômico. *** A propósito: a pianista Henriqueta Penido Monteiro Garcez Duarte deixou novamente a direção da Escola, sendo substituída - interinamente - pelo pintor Fernando Calderari. Mulher IV: Evita Depois de transformar Jesus Cristo em "Suprema" do rock, num musical que há 8 anos faz sucesso em todo mundo, a dupla Andrew Lloyd Wbber (música) e Tim Rice (libreto) revistou o maior mito da Argentina - Eva Peron (1919-1952), para a opera-rock "Evita" , já estreada em Londres. Enquanto nenhum empresário brasileiro ainda animou-se a comprar os direitos da peça (Almir Lima, com "Superstar", em 1972, foi a falência), a Phonogram lança nesta semana um álbum duplo, com a ópera-rock. Paul Jones é Juan Peron, Julie Covington é Evita Peron e C. T. Wilkinson o narrador da história. A ópera-rock acompanha a vida de Evita desde os 15 anos, num cabará de Juni, sua cidade natal, até sua morte, a 26 de julho de 1952.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
16/06/1977

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