A poesia de Alice com belas imagens de Leila
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de dezembro de 1985
O tempo leva/ o poema/
que o vento trouxe
Duas mulheres inquietas e criativas acabam de unir os seus talentos e estão lançando um original álbum de desenhos e poemas: Alice Ruiz e Leila Pugnaloni publicam "Rimagens", coleção de 12 pranchas com poemas dos mais expressivos ilustrados com graça e leveza. A poesia de Alice Ruiz é objetiva , direta, quase telegráfica - mas sem perder a ternura. Nai - Kais na melhor técnica oriental.
Um signo que sonho
Um sonho que sim
Assim fico
Imagem gêmea de mim
Os desenhos de Leila Pugnaloni são leves, graciosos e traduzem imagens de muita dimensão. O casamento artístico, assim, foi perfeito e o resultado é um trabalho - a definição livro é restrita - que merecidamente ganha projeção, inclusive nacional - já que hoje Alice Ruiz tem trânsito em muitos círculos intelectuais no eixo Rio-São Paulo.
O lançamento local será amanhã, ao entardecer, na Loja Funarte.
A data de hoje
A data da tua vinda
fosse outro ano
seria a vida.
Alice Ruiz não gosta de ser apresentada como "sra. Paulo Leminski" Embora apaixonada companheira do poeta e cronista curitibano. Poeta, mãe, publicitária, aquariana, esta curitibana de 1946 é mais também do que uma feminista - embora tenha sido uma das primeiras de sua geração a romper amarras tribais e tabus familiares. Definindo-se como curiosa de religiões, estudiosa do comportamento humano e dos mistérios da vida (tendo passado em algumas matérias com nota alta, em outras apenas com média"), diz, com sinceridade, que se esforça para passar nas que ainda faltam.
- "Acredito em amizade, arte e magia. Desconfio de tudo mais".
Porradas de beleza
carradas de paixão
arrasando a razão.
Foi nesta década de 80 que Alice Ruiz colocou para fora, em forma impressa, sua sensibilidade poética: os poemas de "Navalhanaliga", "Paixão Xama Chama Paixão" e "Haik-Tropikai", este último em parceria com Paulo Leminski (Ed. Fundo de Ouro Preto, 85 ). Traduziu ainda "Dez Hakais" para uma edição feita no Recife e por encomenda do editor Massao Ohno já tem prontas traduções de outros poetas japoneses que sairão em livro com o título de "Céu de outro lugar". Mostrando um outro lado de sua sensibilidade, entregou ao editor Roberto Gomes, da Criar, um livro infantil ("Nuvem Feliz") que deve sair em 1986.
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Se algum eventual evento
me lembrar você
sopro as cinzas da memória ao vento
dê no que dê
Como Alice Ruiz, Leila Pugnaloni é também aquariana, dez anos mais jovem. Mas aos 29 anos já tem larga quilometragem de vida, desde seus tempos de menina em Copacabana, onde nasceu. Frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, trabalhou na Galeria Gravura Brasileira, badalou em vários grupos artísticos e, há 3 anos, foi para Nova Iorque onde trabalhou com Roberto Delamonica, em gravura, e com Marshall Glaser no desenho da figura humana, no The Art Students League of New York.
Presença em muitas coletivas e algumas individuais, premiações e sempre propostas inovadoras. Do encontro com Alice nasceu o desejo de um trabalho integrado de poesia e desenhos, resultando "Rimagens".
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Na semana passada, outra poeta inquieta e criativa - Cristina Gebran, inaugurou sua mostra de poesias acopladas às fotografia de Rui. Agora, Alice e Leila unem as palavras às imagens - mostrando que as mulheres curitibanas estão buscando formas cada vez mais imaginativas de comunicação ao seu lirismo, desejos, sonhos e paixões.
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