Música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 31 de janeiro de 1974
Depois de uma série de lps em duplas - com Miltinho, Roberto Ribeiro (a grande revelação do ano passado), Elza Soares volta a fazer um lp sozinha. E um lp com novas propostas, onde procurou conter as suas potencialidades jazzificantes que a tornaram um nome famoso há 15 anos, quando gravou, em nova roupagem, o clássico de Lupiscínio Rodrigues, "Se Acaso Você Chegasse". Desta vez a produção do lp foi entregue a Jorge Coutinho diretor de alguns shows musicais apenas razoáveis, mas que soube escolher uma boa seleção de sambas novos, ao lado de alguns clássicos imortais - entre os quais "Zelão" de Sérgio Ricardo - para nós, particularmente, um dos 10 melhores temas da MPB em todos os tempos. O texto de contracapa, escrito por um certo Waldemar Ranulpho, não é nada esclarecedor, nem mesmo a respeito dos sambistas praticamente lançados por Elza neste lp (Odeon, 3817, dezembro-73): Serrinha-Mazola ("Eu Não Toco Berimbau"), Rubens da Silva ("Busto Calado") e Délcio Carvalho ("La Vou Eu"). De Fritz e Nereu, dois do Trio Mocotó temos "Maria José" de Candeia é "Dia de Graça", de Nelson Cavaquinho-Guilherme de Brito, "Pranto de Poeta", da inspirada Gisa Nogueira (irmã do ótimo sambista João Nogueira), "Canoa Furada" de Cartola e Nuno Veloso, "Festa de Vinda" e de Silas de Oliveira, "Aquarela Brasileira". Apesar das sérias restrições feitas pelos críticos mais ortodoxos - como J. Ramos Tinhorão, do "Jornal do Brasil" - que chegou a comentar até a capa (criada pelo humorista Caulos, destacando um rosto em branco sobre fundo negro), o lp de Elza Soares não é de todo mau. Embora, diga-se a bem da verdade, não seja ainda o disco capaz de recuperar a sua imagem de grande sambista!
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