Login do usuário

Aramis

A música de Carnaval (IV) - As homenagens que as escolas irão prestar

Ser tema para uma escola de samba é a consagração popular para qualquer pessoa - seja qual for a atividade que exerça. Assim, com toda razão, Mário Vendramel, 60 anos, veterano radialista e comunicador de televisão, tem razões de estar sorrindo bastante: domingo, a escola de samba Garotos Unidos abre o desfile na Marechal Deodoro, do grupo A, com o samba-de-enredo "Mário Vendramel, do Rádio à Televisão - 38 Anos de Comunicação", samba de Alaelson Venceslau, o Laé, presidente da escola. A segunda escola a desfilar - a Sapolândia - também traz uma homenagem, só que póstuma: "Noel de todas as Vilas", que teria sido mais oportuna no ano passado, quando transcorreram os 50 anos da morte de Noel Medeiros Rosa (1910-1937). Dois veteranos compositores carnavalescos da cidade - o arquiteto Homero Reboli e o radialista Cláudio Ribeiro, somaram-se a Julinho, César e Helceu, para fazer o samba em homenagem ao autor de "Feitiço da Vila": "No berço azul e branco ele surgiu Sorrindo, o menino poeta Noel Com verso em poesia No paraíso lá de Vila Isabel". xxx No grupo B, a escola de samba Portão - Unidos da Zona Sul - resultante da fusão de duas escolas de samba - a Unidos do Portão com a Frei Miguel, homenageará o compositor Claudionor Cruz, 78 anos, 60 de música, autor de inúmeros sucessos carnavalescos - e que nestes últimos anos tem permanecido longas temporadas em Curitiba. No ano passado, Claudionor já havia saído na comissão de frente de outra escola, mas agora será o homenageado do enredo em "Com Pandeiro ou sem Pandeiro... É com esse que Eu Vou". O samba é de autoria de Júlio César, Cláudio Ribeiro - com alguns palpites do próprio Rei Momo, Pipa (Ronaldo de Camargo, 24 anos, 180 quilos, paulista de Ourinhos). xxx Homenagens também não faltam nas escolas de samba do grupo 1A de São Paulo, cujos sambas-de-enredo ganharam gravação pela Continental. Assim, a escola de samba Vai Vai enaltece "Amado Jorge - A História de uma Raça Brasileira" (Oswaldinho da Cuíca / Namur / Macalé do Cavaco), com uma letra em que são citados vários títulos de livros do escritor baiano: "Jorge Amado Mestre da literatura Fez da epopéia de um povo A sua arte em romance de ternura". Outra escola, o G.R.E.S. Mocidade Alegre, faz uma merecida lembrança a um dos mais caracteristicamente compositores paulistas: "O Cientista Poeta Paulo Vanzolini": "Que maravilha o cientista e poeta Paulo Vanzolini num berço de poesia A Mocidade hoje traz Derramando a sua arte Deus lhe pague as suas obras Não esquecerei jamais". Lembrando o seu lado cientista - um dos mais conceituados do País, aliás, é claro que o refrão saiu assim: "E cadê você Fui procurar o jacaré O lagarto e a cobra venenosa Ela arma o bote e pica e faz doer". "Ronda", a mais famosa de suas composições - e a canção mais cantada na noite em todo o Brasil, segundo recente pesquisa - não poderia deixar de ter uma citação explícita: "De noite eu rondo a cidade Em busca da paz e de amor Uma triste cena aconteceu Que abalou meu coração Na Avenida São João". Ary Barroso (1903-1964) é o homenageado pelo G.R.E.S. União da Ilha do Governador, no Rio, com "Aquarela do Brasil" (Robertinho Devagar / Márcio André), que construíram, naturalmente, a letra, com base nos maiores sucessos do autor de "Risque": "Boneca de piche, faceira, grau dez Trabalha, trabalha, nego Alô amigos, Zé Carlocou Divina Musa Sua voz maior no Exterior". A E.S. Caprichosos de Pilares decidiu fazer uma homenagem coletiva ao cinema brasileiro. Em "Luz, Câmera, Ação", seus sete compositores enaltecem a usina de ilusões - num tema bem escolhido e que, por ocasião do encerramento do IV FestRio (novembro/87), ganhou um marketing numa festa que atravessou a madrugada: "Amor, ai amor, o vento levou Por toda parte As maravilhas da sétima arte Lá vou eu, lá vou eu Curtindo os bastidores Descobrindo este universo Tintim por tintim". Renato Aragão e sua turma também ganham homenagem: o G.R.E.S. Unidos do Cabuçu sai no desfile de domingo com "O Mundo Mágico dos Trapalhões": "Didi, Dedé, Mussum e Zacharias Seu mundo é encanto e magia Dignidade de Palhaço Faz vibrar o povo brasileiro Mestres do sorriso Transformam a avenida em picadeiro". Finalmente, uma homenagem a um nome maior da televisão, como foi no rádio: Paulo Gracindo. O G.R.E.S. Unidos da Ponte sai com "O Bem Amado Paulo Gracindo" (Mazinho Branco / Ambrósio). "Na novela amor, amor, amor Chega a emocionar Na comédia, no palco da alegria Faz meu povo gargalhar Os anos dourados voltaram A Nacional está no ar, no ar Sucupira está em festa Odorico Bem Amado Vai "Genipapear". Em São Paulo, até um empresário das comunicações, Paulo Machado de Carvalho (Record) ganhou homenagem: o G.R.E.S. Rosas de Ouro sai com "Carvalho Madeira de Lei", no qual o puxador Royce do Cavaco enaltece: "Entra no ar a poesia Ligue o rádio e a televisão É ver Paulo Machado de Carvalho O símbolo da comunicação". Aqui em Curitiba, uma das mais pobres escolas, a Zebra no Batuk, do bairro de Santa Efigênia, decidiu homenagear coletivamente a imprensa. Assim, o samba-de-enredo de Elton, Júlio César e Carlos Mattar - "Operários da Comunicação e seus Veículos Fantásticos", proclama: "Com saudades da folia A Zebra vem mostrar Luzes, câmeras, ação No fascinante mundo da informação Jornais, revistas, rádio e televisão Lágrimas, sorrisos Dividindo o coração". LEGENDA FOTO - Vendramel: homenagem da Garotos Unidos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
13/02/1988

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br