Na Broadway e cinema, o som da música dos Trapp
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de maio de 1991
Uma data que merece ser lembrada para a cronologia musical da Curitiba do passado: há exatamente 40 anos - 9 de maio de 1950 - no "Teatro do Colégio Estadual do Paraná"- que havia sido inaugurado há poucos meses - apresentava-se o Côro Trapp.
Era o 142º concerto que a ativíssima SCABI - Sociedade de Cultura Artística Brasil Itiberê promovia em apenas seis anos - e trazia um conjunto vocal, formado por uma única família, que desde 1946 apresentava-se regularmente nos Estados Unidos.
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Talvez os curitibanos mais velhos lembram-se daquela noite em que, em elegantes trajes, a elite intelectual da época aplaudia o grupo formado por dez crianças e mais a baronesa Maria von Trapp e o padre regente Franz Wasner. Ao final do espetáculo, filas para cumprimentos e pedidos de autógrafos. O então adolescente Ronald Stresser, na época com 17 anos que havia completado 22 dias antes, ao lado de sua mãe, dona Mercedes Sanson Stresser (1910-1960) foi um dos que fez questão de pedir as assinaturas da baronesa e do padre Wasner - no programa que conserva até hoje, numa coleção de autógrafos aos quais acrescentaria ao longo de sua vida, dezenas de outros nomes internacionais - inclusive Frank Sinatra, Nat King Cole e Lionel Hampton.
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Quando decidiram fugir do nazismo que chegava à Áustria, em 1938, o barão George von Trapp (1860-1947) e sua jovem esposa Maria Augusta Kutschere, Vienna, 26/01/1905 - EUA, 28/03/1987), junto com dez filhos (os sete primeiros do primeiro casamento do barão), e mais o padre Franz Wasner, já formavam um familiar coral, mas que se apresentava apenas amadoristicamente. Afinal, o barão von Trapp, oficial renomado da Marinha pertencia a uma das mais nobres famílias de Salzburgo, onde possuía um imenso castelo.
Quando chegaram nos EUA, a família encontrou dificuldades. Entretanto, o entusiasmo da jovem baronesa Maria - que havia sido noviça em um convento e conheceu o barão quando foi ser preceptora de seus 7 filhos - teve a iniciativa de transformar em renda aquilo que a família mais amava fazer: cantar. Assim, em 1946, o Côro Trapp já fazia 10 concertos importantes, número que duplicaria nos anos seguintes. Em maio de 1948, a então influente "Seleções do Reader's Digest" lhe dedicava uma reportagem especial, enquanto para o "The New York Times", representava "um dos melhores conjuntos vocais do mundo". Dois anos depois , já tendo feito mais de 600 concertos, viriam em excursão pela América Latina, que incluiu Curitiba, numa iniciativa do fundador e presidente da SCABI, professor Fernando Corrêa de Azevedo ( ) também criador da Escola de Música e Belas Artes do Paraná.
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Franz Wasner havia substituído ao barão Georg na direção do grupo e a formação era a seguinte: Eleonora, Agathe, Marie e Joahnnes, sopranos; Werner, tenor; Martina, Hedwig e a baronesa Maria Augusta como contralto.
O programa que mostraram no auditório do Colégio Estadual do Paraná - então luxuoso e confortável (hoje, encontra-se em lastimável estado) foi extenso: nada menos que quatro partes, com três intervalos. No início, peças do século XVI, além de um canto gregoriano; depois canções de Thomas Morley, Orland Gibbons e Lassue; na terceira parte peças de Vivaldi, Purcel, Haendel e "Jesus, Alegria dos Homens" de Bach. Por último, cinco canções latino-americanas em arranjos do padre Wasner: "El arroyo que murmura" (Cuba), "Palomita blanca" e "Rique, rique, riquerem" (Venezuela)0, "Que lejos estoy" e, naturalmente aplaudidíssima na temporada brasileira, a "Casinha Pequenina", com arranjo baseado na partitura de Lorenzo Fernandez.
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