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Nádia, valorização da cultura ucraína

Pela primeira vez no Brasil, será editada uma antologia de contos ucraínos, uma edição impressa em Curitiba, pela modesta Arco-Íris, de Silvio Barreto, que se entusiasmou com o trabalho de Nadia Kerecuk, professora de ucraíno e inglês, que traduziu 30 dos mais belos contos tradicionais do país de seus ancestrais. Com ilustrações de outra filha de ucraínos, Lídia Jedyn, a antologia também já interessou a Edições Melhoramentos, que está planejando uma séria sobre fábulas de todo o mundo e viu em Nadia a profissional ideal para coordenar o projeto. Filha de pais ucraínos, nascida no Brasil, Nadia Kerecuk é secretária da Representação Central Ucraniana-Brasileira e há dois meses assumiu a presidência do Centro Brasileiro de Estudos Ucranianos, que se encontrava desativado há vários anos. Fundado há 10 anos, sob a influência de um grupo de intelectuais ucraínos, o Centro possui sede própria (um apartamento na Rua Augusto Stelfeld, nº 799), no qual se encontra uma preciosa biblioteca com milhares de livros em ucraíno, alemão e russo, No início, o Centro chegou a funcionar regularmente, mas problemas diversos o levaram a uma paralisação, e o patrimônio corria o risco de perder-se pela dissolução da entidade, se um grupo de ucraínos não tivesse reunido, no dia 31 de agosto, e praticamente intimado Nadia e assumir a presidência. Professor de inglês, ucraíno e português, teacher trainer da Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa, responsável pela implantação do curso de ucraíno na Universidade Federal, Nadia Kerecuk é diplomada (com distinção) pela Royal Society of Arts, da Inglaterra, e [especialista] em metodologia no ensino de línguas estrangeiras. Especialista, também, em leituras, tradutora de book-review, atualmente fazendo mestrado em Língua Portuguesa na UFPR, Nádia, ao mergulhar na literatura de seu país, especialmente de contos e fábulas, encontrou elementos do realismo mágico, com personagens que se aproximam de mitos do folclore de outros países. Isso animou a fazer a tradução de alguns textos mais significativos, que agora serão publicados, pela primeira vez, em português. Como presidente do Centro Brasileiro de Estudos Ucranianos, Nadia Kerecuk tem muitos e bons projetos. Um deles está em reativar o setor editorial, que há 10 anos, chegou a fazer algumas publicações (cujos exemplares ainda estão disponíveis para interessados). A edição da tese sobre a imigração eslava no Paraná, que a professora Oksana Boruzenko, do Departamento de História da UFP, defendeu, em 1973, na Maximilian University, em Munique, obtendo aprovação com nota máxima ("Sundae cum lauren", que não era dado a um estrangeiro há 25 anos) também faz parte dos projetos de Nadia, que lamenta o fato de um trabalho tão importante para a história das imigrações no Paraná permaneça inédita. A proximidade do centenário da imigração ucraniana anima Nadia e seus colegas do Centro - Romano Oresten (vice-presidente), Peter Jedyn (secretário), João Piaceski (tesoureiro) e os conselheiros Wasyl Dzmyr, Ivan Kovaliuk e Jeroslau Voloschtchuk - para um amplo programa de trabalho. Inclusive a exibição de filmes sobre a cultura ucraína, a divulgação da literatura dessa região e, principalmente, um amplo trabalho de resgate da memória da colonização ucraína deverão levar o CBEU a deixar de ser [uma] entidade restrita à comunidade eslava e se projete com a repercussão que merece. Inclusive, um projeto já tem condições de se realizar em 1986: o Museu da Colonização Ucraína.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
14/11/1985

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