No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de dezembro de 1989
1) O mais esperado dos filmes para a mostra informativa acabou chegando quando já se perdiam as esperanças: o documentário "John Huston: o homem, o cineasta, o aventureiro", que Frank Martin realizou com depoimentos de atores, técnicos e amigos do grande cineasta, intercaladas da sequência de seus filmes. O filme foi visto pelo jornalista João Luiz Albuquerque, assessor de imprensa do FestRio, no Festival de Montreal, que se empenhou para que o mesmo aqui tivesse ao menos uma exibição.
2) Uma pergunta que todos faziam após saírem, deslumbrados, na noite de quarta-feira, do cine São Luiz, com "Splendor", de Ettore Scola, mostrado "Hors Concours" (mas que a Warner lança em breve no circuito comercial): por que não foi este o filme escolhido para a abertura (ou encerramento) do festival? Um hino de amor ao cinema, a propósito de explendor e decadência de um cinema numa cidadezinha no interior da Itália, este longa levado ao festival de Cannes-89, é emocionante - na mesma linha de "O Baile" e "A Família", do mesmo diretor. Marcelo Mastroiani como Jordan, o dono do cinema, está ótimo, Marina Vlady, ex-musa do cinema francês, volta mostrando que soube envelhecer com dignidade. E no elenco de suporte estão dois atores marcantes, embora desconhecidos no Brasil: Mássimo Troise e Paolo Panelli. A música de Armando Travajolli quase lembra Nino Rotta e há muitas citações de filmes antológicos. Quando apareceu a sequência do navio "Rex" de "Amarcord", o público presente no cine São Luiz aplaudiu. No final, unanimidade. Uma obra prima, especialmente para quem ama o cinema - e acompanha, nostalgicamente, o fechamento de tantos cinemas.
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