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Aramis

O grande blues do velho Hooker

"Quando me tornei vagabundo, escolhi como amigo um trem de carga" (John Lee Hoker). Não há mais desculpas para se dizer que não se conhece blues pela inexistência de discos no mercado. Apesar da discografia internacional ser imensa, algumas gravadoras - especialmente a WEA e a pequena Brasdisc, de São Paulo (esta sem qualquer esquema de divulgação) tem feito boas edições. A WEA, organizada, lançou várias antologias, didaticamente produzidas e as quais tem acrescentado discos-solos dos nomes mais conhecidos. É o que faz agora com dois volumes dedicados a John Lee Hooker, na Jazz Heritage Series. Conhecido pelo seu incomparável estilo boogie na guitarra, o qual o tornou uma "esquina" obrigatória por onde passaram artistas como Elvis Presley, The Animals e Canned Hest, John Lee Hooker acabou influenciando uma geração de músicos em vários países. John Lee Hooker (Claksdale, Mississipi, 22/8/1917), foi uma das presenças de destaque no V Free Jazz Festival (agosto/89), o que estimulou a WEA a editar os elepês "Lonesome Mood" e "The Real Folk Blues". Infância pobre, menino nas margens do Mississipi, o padrasto, William Moore, foi seu primeiro professor e influência musical e aos 12 anos, trabalhando numa peixaria já frequentava áreas musicais em Clarksdale. Aos 14 anos foi para Memphis, onde passou dois anos tocando com os mais variados artistas, inclusive um bluesman notável, Roberto Nigtthawk. Em 1933 mudou-se para Cincinati, onde trabalhou primeiro com grupos de gospels (Big Six, The Delta Big Four, The Fairfield Four), mas como ganhava pouco era balconista numa mercearia. Na estrada novamente, estava em Detroit, em 1943, trabalhando em fábrica de automóveis, mas, à noite, desenvolvendo sua música nos bares escuros e barra pesada se transformando numa figura famosa do cenário blue. Acabada a II Guerra Mundial, Hooker conseguiu fazer sua primeira gravação pelo selo, Modern, de Detroit ("Boogie Chillen", 1948). Apesar de ter chances de fazer carreira em outras cidades, especialmente Chicago, John Lee manteve-se fiel a Detroit, onde iriam procurá-lo, anos depois, discípulos de seu estilo, como Elvis, Eric Clapton e John Mayall, que sempre o reconheceram como mestre naquilo que seria o chamado rhythm'n blues. A discografia deste velho bluesman é extensa, em várias etiquetas e por razões contratuais gravou com deferentes pseudônimos (Delta John, Texas Slim, Boogie Man, Johnny Willians, etc.). Mas na Chess Records, cujo acervo pertence hoje a MCA (distribuidora no Brasil via WEA) está muito do que produziu - como os álbuns "The Real Folk Blues" e "Lonesome Mood" - que mostram o seu estilo inconfundível, caracterizado por uma constante alteração do blues e das primeiras bandas de R&B.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
25
03/12/1989

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