O bom fruto de Elba
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de julho de 1988
A maternidade fez (muito) bem para Elba Ramalho. Nasceu Luã e ela curte, corujamente, o rebento, filho do ator Maurício Mattar (que, por sinal, vem aí no filme "Johnny Love", cuja trilha sonora do ex-Mutante Sergio Dias a SBK Songs acaba de lançar). Luã ganhou direito de ter até o som de seu sorriso incluído na faixa em sua homenagem, parceria do pai com Geraldinho Azevedo - e aparecer na foto da contracapa, alimentando-se saudavelmente no seio materno.
Que Elba é uma das nossas mais efusivas e vigorosas cantrizes não há dúvida. Uma das raras que une condições de palco com a voz e que, aliás, marcou sua presença desde seu início no "Cordão Encarnado", logo depois que veio da Paraíba, trazida pelos seus amigos do Quinteto Violado.
"Fruto" (Philips, maio/88) é um disco bonito e afetivo, pós-maternidade, com um repertório bem escolhido, no qual há momentos emotivos, como "Um Bilhete Pro Seu Lua", homenagem de Gonzaguinha ao velho pai - e a participação do júnior, ao lado de músicas já conhecidas dos palcos como "Palavra de Mulher" (Chico Buarque) e a ternura de Caetano em "Estrela Grande". Os nordestinos também capricharam no repertório, desde o efusivo "Me Saculeja, Me Beija, Me Dá Calor", "Salve-se Quem Puder" (Dominguinhos/ Fausto Nilo) e Nando Cordel em dupla presença ("Doida" e "Pisa no Meu Coração", esta parceria com Fausto Nilo). Significativos também "Dragão Encantado" do mineiro Tadeu Mathias e "O Girassol da Baixada", de Jaime Alem - um talento que até agora não teve o reconhecimento merecido.
Como sempre uma produção sofisticada, ótimos instrumentistas - para um disco certo, exato - e sobretudo, com uma Elba bem mais calma do que a gritalhona nordestina de discos passados.
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