O canto latino-americano reúne-se em Foz do Iguaçu
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de junho de 1991
Seria oportuno, simpático e, por certo produtivo, que o recém-empossado superintendente da Fundação Teatro Guaíra, Oswaldo Loureiro, de preferência acompanhado de seu maior amigo Eduardo Requião, assessor especial do governador Roberto Requião para a área cultural, fossem a Foz do Iguaçu neste final de semana acompanhar de perto o Acorde Cataratas - I Festival Latino americano da Canção.
Seria uma oportunidade de conhecerem concretamente uma promoção que foi anunciada no discurso oficial de Loureiro como uma das "idéias" que ele traz "para dar ao Paraná uma projeção internacional na área cultural".
Viabilizando um projeto que, na verdade, nasceu há exatamente dez anos, quando o múltiplo Cleto de Assis, hoje radicado em Bogotá, ocupava a Secretaria de Comunicação Social no governo Ney Braga, o evento que desde o dia 1o de junho movimenta intensamente Foz do Iguaçu está se realizando sem qualquer participação [do] governo do Estado. Ao contrário, deve-se ao dinamismo do empresário Hildo Scherer, ex-presidente da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu - e atualmente na presidência do evento a sua concretização de uma forma objetiva e direta. Somando recursos do município ao Centro de Tradições Gaúchas Charrua - em cuja área de exposições acontecem múltiplas promoções (o festival de música a partir de hoje; shows; feira de artesanato e alimentos; rodeio internacional, etc.)
Para organizar o festival musical, houve o bom senso de buscar um dos mais experientes animadores culturais do Cone Sul, o acordeonista, compositor e cantor Luis Carlos Borges, a quem o município de Santa Rosa deve o hoje já consolidado Musicanto - que colocou no mapa cultural musical do país aquela cidade gaúcha, onde nasceu a superstar Xuxa. Borges, entusiasmou-se em fazer em Foz do Iguaçu um evento musical internacional e veio com a esposa Lenira, três filhos, radicou-se na cidade e com toda a sua disposição e excelente relacionamento está dando um exemplo de como é possível, com os recursos disponíveis, organizar um festival de primeira categoria.
Privilegiando a matéria prima humana - ou seja os artistas, o Acordes Cataratas reservou US$ 50 mil para premiações em várias categorias e substanciosas ( US$ 1 mil para cada participante) ajuda de custo aos autores-intérpretes das 36 músicas que estarão sendo apresentadas. Um júri formado por Airto dos Anjos (o mais ativo record-man gaúcho), Chico Ribeiro (Polygram, RJ), artista argentino Antônio Tarrago Ros, pianista Solange Essenfelder, jornalista Gilmar Etzveina, e escritor Domingos Pellegrini e este colunista escolherão as três grandes premiadas e mais uma dezena de destaques (temáticos, instrumentais, etc.), todos com bons prêmios - e mais a gravação de um elepê que deve sair dentro de 30 dias.
Shows populares estão atraindo milhares de espectadores ao Parque do CTG Charrus: Evandro Mesquita, Pena Branca e Xavantinho, Kledir, Gaúcho da Fronteira , Tarrago, Zé Geraldo e a argentina Teresa Parodi.
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Embora ainda restrito em sua parte internacional, o Acordes Cataratas terá a participação de compositores-intérpretes da Argentina, Uruguai e especialmente Paraguai. Do Brasil, concorrentes de vários estados já se encontram em Foz do Iguaçu, incluindo nomes conhecidos como Elton Saldanha, do Rio Grande do Sul e os irmãos Jean e Paul Garfunkel, que já venceram mais de 30 festivais de música popular Brasil afora.
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Para a próxima edição, acredita Luis Carlos Borges, o evento deverá atingir todo o continente latino-americano, inclusive com programações paralelas em que se debaterá questões relacionadas a criação musical, direitos autorais, política de gravações etc. Enfim, um grande painel de nossa cultura continental.
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