Artigo em 02.06.1991
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de junho de 1991
A artista plástica Ana Maria Comodo, viaja para Portugal na terça-feira. Uma das dez artistas do Brasil, convidadas a expor na 3a Bienal Nacional de Obidos (que inaugura dia 14), Ana Maria, única do Paraná que se dedica a colagens, aproveita para fazer um roteiro mais amplo, viajando em companhia da publicitária Silvia Dias. Depois de coordenar mais uma edição do Troféu Colunistas Silvia vai descansar num roteiro europeu. Com muitos toques românticos.
Apesar de ser um executivo com agenda das mais carregadas, o empresário Miguel G. Krigsner, presidente de O Boticário, nunca deixa de encaixar sessões de cinema em sua agenda - especialmente quando vai a São Paulo. Cinéfilo informadíssimo, acompanhando o que acontece na área cinematográfica, Miguel mostra-se sensível a fazer documentários [com] a temática ecológica - hoje o grande marketing de seu grupo empresarial.
Só que a curto prazo, tal idéia - fascinante - não pode ser viabilizada. Por orientação do diretor de comunicação, [o] publicitário Eloi Zanerti, o Boticário quer concentrar todos os recursos disponíveis para os projetos financiados pela Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. Na primeira etapa, foram selecionados 28 projetos (13 do Paraná) que receberão US$ 244.332,63, destinados em forma de financiamentos totais ou parciais, a partir de julho.
Muita gente ficou sem entender o release distribuído pela Secretaria [de] comunicação Social do Governo do Estado no qual o governador Roberto Requião, procurando argumentos para justificar a imposição do nome de Oswaldo Loureiro na superintendência da Fundação Teatro Guaíra, o citou como um dos fundadores do Teatro do Estudante do Paraná "nos anos 60". É que o Teatro do Estudante do Paraná foi fundado em 1949, entre outros por Armando Maranhão - que hoje é o responsável pelo museu na Fundação Teatro Guaíra - e Lauro Simões Gonçalves, que, inclusive foi quem escolheu a peça "Espectros", de Ibsen para a inauguração. Muitos nomes conhecidos passaram pelo TEP - razão social que ainda pertence ao bravo Maranhão, que não deixa o grupo morrer fazendo ao menos uma montagem amadora por ano. Entre outras atrizes que estiveram no TEP, no início dos anos 50, está a hoje vereadora Nely Valente Almeida, que ali fez "As Preciosas Ridículas", de Molière.
O Teatro estudantil que Requião referiu-se foi uma tentativa de se formar um grupo de ação política-cultural, que encenaria textos provocativos e polêmicos nos tensos anos pós-64. Há poucas informações sobre esta experiência, mas Roberto e Eduardo Requião estiveram, ente outros nacionalistas, ao lado do elenco de "Roda Viva" quando, em São Paulo, o Movimento anticomunista, agrediu fisicamente atores e atrizes. Há alguns anos, numa roda de amigos, Roberto Requião recordava a noite em que, armado, foi ao teatro para dar apoio ao seu amigo Paulo César Pereio, um dos mais visados pelos direitistas. Esta parte da biografia do hoje Governador do Paraná até hoje não foi contada.
É importante também não confundir a tentativa de teatro estudantil dos anos 60 - em cuja participação local de Oswaldo Loureiro poucos se recordam - como o trabalho da implantação do Centro Popular de Cultura. Este núcleo, idealizado na administração Aldo Arantes quando presidente da UPE, teve em Euclides Coelho de Souza (hoje no Teatro de Bonecos Dadá) o seu primeiro integrante, ao participar da "Une Volante". Depois, Walmor Marcelino se integraria ao CPC em sua fase de maior atuação no Paraná. O sonho acabou em 31 de março de 1964!
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Da nostalgia dos anos de fogo, uma notícia sobre o Centro Cultural Brasil-Estados Unidos: adormecida há anos em termos de promoção de eventos culturais que passem pelo Paraná, a USIS trouxe na última sexta-feira o cantor country Red Steagall, que acompanhado pelo grupo Coleman Cowboys fez uma apresentação no Círculo Militar.
A propósito, o Centro Cultural Brasil-Estados Unidos está comemorando seus 50 anos de funcionamento no Paraná. Uma história a ser contada, através de pesquisas sobre a contribuição que Francisco Albizu - depois Laila Curi - deram a este centro difusor da cultura americana no pós-guerra. Nos tensos anos JK/JG, o INTER e a USIS preenchiam um espaço cultural que viriam abandonar a partir dos anos 70. Hoje, é o Goethe Institut, incansável em suas promoções - e mais timidamente a Aliança Francesa - que promovem eventos graças aos quais as onerosas instituições oficiais conseguem ter programações em seus calendários.
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Olenka Braga, incansável batalhadora pela MPB, vai homenagear um dos grandes compositores brasileiros: Adoniram Barbosa (José Rubanato, Valinhos, 1910-SP, 1982), com um show, reunindo belas vozes, no Teatro Paiol, nos dias 20 e 21 de junho.
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Uma dica para quem gosta de jazz e bom cinema: "Siesta" (que no Brasil recebeu o título idiota de "Marcas de Uma Paixão"), em exibição no Bristol, tem uma esplêndida trilha sonora de Miles Davis (já editada em lp no Brasil pela WEA). A diretora , Mary Lambert, é esposa de Bernardo Bertolucci e no papel central a interessante Jodie Foster, que está também no elenco de ouro de outro filme imperdível: "O Silêncio dos Inocentes" (Plaza). Em 1989, "Siesta" foi exibido na mostra "um olhar feminino" no Festrio, com a presença de sua diretora Mary e de Jodie Foster, quando tivemos o prazer de entrevistá-las. Aqui mesmo, em O Estado, saiu uma das primeiras apreciações sobre este filme rodado na Espanha.
LEGENDA FOTO - Ana Maria: exposição em Portugal.
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