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Aramis

O drama dos sem-terras num filme de Berenice

A própria Embrafilme ficou surpresa ao receber, segunda-feira, a informação: o projeto de um filme sobre os sem-terras no Paraná, que havia merecido aprovação para financiamento , já está concluído. A jovem cineasta Berenice Mendes trabalhou mais rápido do que se esperava: em setembro, durante a Semana da Pátria, foi com sua pequena e unida equipe ao Sudoeste do Paraná, focalizando o cotidiano dos acampamentos levantados por agricultores sem terras nos municípios de Marmeleiro, Salto do Lontra, Chopinzinho e Renascença. Para fazer esta documentação, o fotógrafo Flavio Ferreira - ( com assistência de Peter Lorenzo e Luiz Henrique Blayer Almeida) usou os negativos que Berenice havia recebido como premiação pelo seu curta-metragem de estréia, "O Foguete Zé Carneiro", rodado no ano passado. A produção de Lu Rufalco, Fernanda Morini e Gisele Paredes funcionou tão cronometricamente que em poucas semanas foi possível fazer a edição (por Homero de Carvalho) e sonorizar a narração com texto do jornalista e publicitário Jacques Brand. A Fundação Cultural mostrando sensibilidade adquiriu previamente uma cópia o que deu para ajudara pagar os custos iniciais de laboratório. Assim, ontem a tarde, houve uma exibição para a Censura liberar este média-metragem (30 minutos) que hoje, quinta-feira, terá suas primeiras sessões no Cine Groff. As 20h30mim, para dirigentes de entidades ligadas a agricultura e problemas sociais, seguida de debate. Depois, às 22 horas, uma segunda exibição. xxx A rapidez com que Berenice Mendes, realizou "A Clase Roceira" - título que acabou sendo oficializado para o projeto inicialmente chamado de "Sem Terras"- comprova que talento, honestidade e competência podem resultar em ótimos resultados. Modesta, sem esquemas autobadalativos - mas defensora dos interesses da classe dos cineastas paranaense (presidiu inclusive a associação local), Berenice é uma realizadora em ascendência. No ano passado fez um documentário sobre Londrina, a propósito do cinquentenário de fundação e iniciou o roteiro para um longa-metragem sobre o ciclo do Café. xxx Com uma visão jornalística sobre o drama dos sem-terras no Paraná, Berenice documentou os fatos que estão acontecendo e, numa linguagem própria, diferente daquilo que se vê nos noticiários de televisão, realizou este documentário destinado a ter repercussão nacional. O crítico José Carlos Avellar, diretor da área cultural da Embrafilme já prometeu fazer lançamento do filme no Rio de Janeiro e, pela própria contemporaneidade do assunto, outras sessões deverão acontecer. " A Classe Roceira" tem, tranquilamente, condições de disputar no setor de curtas e médias-metragens o festival de Gramado, no Rio Grande do Sul, em abril próximo. Independente de prêmios e também de apreciações estéticas, eis um filme paranaense, honesto em seus propósitos e realizado por uma equipe de valor, comandada por Berenice - uma morena mignon, de suave beleza - com idéias muito próprias para desenvolver seu caminho cinematográfico.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
13
12/12/1985

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