O humor de Grof em dois volumes
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de dezembro de 1985
O engenheiro e escritor Luiz Grof acabou ganhando um ótimo e inesperado presente de Natal: a edição de suas crônicas bem humoradas sobre pessoas, fatos e coisas de Curitiba e a reunião de duas de suas peças - "A Reputação do Quatro Bicos" e " Hummus Sensualis" - em dois livros a serem lançados no próximo dia 18, na inauguração da Tok-Stok. A surpresa maior de Grof, ex-presidente da Cidade Industrial e famoso pelo seu humor, foi quando o empresário Regis Debrulle, francês radicado no Brasil, o procurou com uma proposta irrecusável: fazer a edição de suas crônicas num volume com tiragem de 3 mil exemplares, para distribuição nacional como brinde de fim de ano. Ao invés de a quota de mil exemplares que lhe caberia como direitos autorais, Grof negociou a publicação de duas de suas peças . Assim, pelas mãos do competente editor Massao Ohno, de São Paulo, com finíssimo acabamento gráfico, os dois volumes estarão sendo lançados na próxima semana.
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"Crônicas Agudas" reúne especialmente as crônicas que Luiz Grof publicou entre 1982/83 no suplemento "Fim de Semana", de O ESTADO. Inclusive, na sua nota introdutória, faz uma citação ao fato de que foi graças àquele espaço aberto a sua colaboração que se estimulou a passar para o papel as estórias deliciosas que, até então, se restringiam ao seu círculo de amigos. Atualmente, Grof publica suas crônicas na revista QUEM.
A peça "A Reputação do Quatro Bicos" foi escrita a pedido de seu amigo José Maria Santos para a inauguração do Teatro da Classe, há quase 4 anos. Permaneceu em cartaz por um semestre, num grande êxito de público - inédito para uma produção local desde os tempos das montagens que Ary Fontoura fazia no saudoso Teatro de Bolso no anos 50/60. Já o monólogo "Hummus Sensualis" é um texto inédito, que espera Grof, com a sua publicação agora em livro venha a interessar algum produtor-intérprete para sua montagem.
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Luiz Grof é o primeiro escritor paranaense a ter dois livros editados por uma empresa. Aliás, uma empresa com sede em outro Estado, pois até agora o mecenato cultural que nos últimos anos vem caracterizando grandes empresas nacionais e multinacionais, além de instituições, não sensibilizou os empresários paranaenses.
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Neste final de ano aumentou o número de livros de arte editados como brindes. São livros com acabamento de nível internacional, quase sempre voltados para algum aspecto da arte brasileira, projetados por especialistas no assunto, com ilustrações primorosas e textos de pesquisa histórica feitos por críticos de arte ou diretores de museus. Isto tem proporcionado um mapeamento iconográfico cada vez mais preciso da arte nacional. E como frisou o "Jornal da Tarde", em grande reportagem a respeito, "constitui uma amostra determinante do que a inicitiva privada pode e deve fazer pela cultura brasileira. Pena que a grande maioria destes livros, geralmente editados em pequenas tiragens, nunca chegue a ser comercializado.
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Só o crítico Jacob Klintowitz preparou nada menos que cinco excelentes projetos culturais, agora sendo lançados. Em "Arte Ingênua Brasileira" faz uma reflexão sobre este tipo de pintura, comumente chamada de primitiva, num livro de 120 páginas, 80 ilustrações a cores. Em " Traçado Brasileiro" Klintowitz dá sequência ao projeto Rhodia, já com nove volumes editados em dez anos. O livro faz um levantamento do trabalho de cestaria desenvolvido por indígenas, caiçaras e sertanejos em todos os Estados do Brasil.
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