O free-shop e esportes de elite para turismo em Foz
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de julho de 1986
A implantação de um imenso free-shop em Foz do Iguaçu, capaz de equilibrar o comércio daquela cidade frente ao desgaste que representa a atração da "vitrine do mundo" oferecida em Puerto Stroessner, é uma das sugestões que o arquiteto Ayrton Cornelsen propôs, em bem fundamentado estudo que o suplente de senador, Roberto Wypich, encampou em termos de reivindicação política. A idéia pode não ser nova mas é sempre oportuna: há necessidade de criar instrumentos capazes de melhorar a economia no lado brasileiro e mesmo sem se pensar em propostas que contrariem a política fiscal do governo, o estímulo a compra de mercadorias especiais, a preços atraentes - como acontece na Zona Franca de Manaus - é uma das fórmulas mais viáveis, no entendimento de Cornelsen.
Arquiteto com experiências internacionais - autor do projeto de 32 hotéis em vários países (Portugal, Angola, Moçambique etc.), atualmente na superintendência de planejamento da Sudesul, em Porto Alegre, Cornelsen tem outro projeto para Foz do Iguaçu. A implantação de um super-clube capaz de atrair eventos competitivos internacionais.
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Partindo do racioncínio de que somente com uma infra-estrutura esportiva capaz de motivar grandes competições nas áreas do tênis, hípica, golfe e tiro, é que a taxa de ocupação das dezenas de hotéis instalados naquela cidade turística crescerá, Ayrton Cornelsen executou um projeto de dimensões internacionais. Partindo da ampliação de algum dos clubes já existentes - "ou da criação de uma nova entidade, explica, poderemos ter, a curto e médio prazo, uma consolidação de Foz do Iguaçu também numa outra faixa de turismo de alto nível: os bilionários que estão presentes nos locais em que acontecem as grandes competições esportivas de elite, como o tênis, hipismo, tiro e golfe".
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Há anos que Ayrton Cornelsen, ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem na segunda administração de Moisés Lupion e que por muitos anos morou em Portugal, quando desenvolveu projetos de hotelaria na região de Algarve, vem insistindo para que seja implantado no Paraná uma infra-estrutura turística de nível internacional. Há 8 anos chegou a contactar empresários poderosos da Europa para um projeto de aproveitamento turístico da Ilha do Mel. Entretanto, em face de protestos levantados por entidades preservacionistas e mesmo desinteresse do governo do Paraná, e a idéia acabou congelada e os investidores interessados foram fazer suas aplicações em outros países. "A idéia, entretanto, não morreu e continuo a provar a quem quiser ouvir que é possível estabelecer projetos turísticos sem destruir o meio ambiente" diz "Lolô" Cornelsen.
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Para Foz do Iguaçu existem vários fatores que facilitam a viabilização do projeto. Hoje é, estatisticamente, o segundo pólo turístico do País. O sonhado Centro de Convenções deverá se concretizar dentro de alguns meses e o movimento de visitantes é cada vez maior.
"Partindo destes fatos - diz Ayrton - nada mais natural do que se implante uma estrutura clubística que faça com que o Brasil, especificamente Foz do Iguaçu, seja incluída no roteiro das grandes competições dos esportes sofisticados que, anualmente, atraem milhares de endinheirados americanos e europeus às várias partes do mundo".
Atualmente, Ayrton trabalha no projeto de quatro hotéis no Paraná: um em Castro, com 120 apartamentos, outro em Ponta Grossa - que com 30 apartamentos se erguerá na avenida contorno, com características inéditas de "Hotel Rural" e dois outros em Foz do Iguaçu, um dos quais pertence ao poderoso grupo econômico que está interessado no projeto do clube internacional.
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