O livro que abre uma nova editora
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de junho de 1987
Dos 3 mil exemplares nesta primeira edição de "História, Mulher", aproximadamente 2.000 já foram vendidos. Afora um modesto lançamento ocorrido na loja Funarte, a 27 de abril último, o autor, Luiz Augusto Moraes, tem preferido dar mais atenção a cidades do interior, onde tem feito palestras e debates, do que centrar sua atenção em Curitiba cidade em que se passa sua história.
A boa aceitação deste primeiro lançamento da editora Gralha Azul está animando ao experiente Virgílio Avanci a fazer novas publicações neste segundo semestre. O próximo livro será um romance da Sra. Lidia Hopke, ainda sem título - "e que será também com alguns toques no "real" diz Virgílio.
Catarinense de Jaraguá do Sul, há 17 anos residindo em Curitiba, Virgílio é experiente na área editorial. Durante muitos anos foi vendedor da Livraria Curitiba e desde 1982 passou a representar a Record - hoje a maior casa publicadora do Brasil, não só em termos de tiragem, mas também com um catálogo de qualidade, em que estão autores de importância como Carlos Drummond de Andrade e Graciliano Ramos.
Representando também outras boas editoras - Rocco, Moderna, Global e Hemmus, Virgílio, 51 anos, sentiu, no ano passado, que havia espaço para lançar livros de autores regionais, que não chegam a interessar as casas nacionais, mas podem oferecer bons resultados. Assim criou a Gralha Azul e começou pelo livro de Luiz Augusto Moraes. Sob uma fotografia de Majala, focalizando a estátua da mulher nua, esculpida por Erbo Stenzel, na Praça 19 de Dezembro, a artista plástica Sonia Guttierrez criou um desenho para a capa - procurando traduzir a força temática deste romance, baseado em episódios da história de Curitiba há 35 anos passados.
Independente dos méritos literários do texto de Luiz Augusto Moraes - inclusive a forma ficcional que buscou para estruturação do romance - o lançamento deste livro é importante por dois aspectos. De princípio, por buscar em nossa história contemporânea fatos que, ocorridos em fevereiro de 1952, mostram a organização popular e protestos contra a carestia - o que, três décadas depois, continuam a ser cada vez mais preocupantes. Fatos que se perderam no esquecimento de registros jornalísticos, mas que Moraes, como bom repórter (atualmente ele se dedica apenas a trabalhos de free-lancer e a escrever um novo romance) soube aproveitar.
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