O Lobo e o balé
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de junho de 1980
De Edu Lobo à jornalista Ana Maria Bahiana, na << Revista de Domingo >>, que circulou domingo, como suplemento do JB, explicando a criação do balé para a Fundação Teatro Guaíra: << Vai ser um balé abstrato. Cinco temas bem livres, instrumentais, mas nada sinfônico, não - com muito improviso, popularzão. Vai se chamar << Jogos de Dança >> e a idéia é que, cada dia, a seqüência dos temas seja diferentes, como um jogo de dados >>.
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Edu Lobo há muito desejava fazer um balé. Falou a respeito a seu amigo Arakem Távora, jornalista e cineasta, que contou a Ney Braga. Como o governador há muito estava desejando que o Ballet Guaíra viesse apresentar um balé bem brasileiro, Edu acabou tendo seu projeto aprovado e agora está trabalhando na música e libreto - para que o mesmo seja apresentado no segundo semestre. E, pelo visto, o autor de << Ponteio >> vai ter que agir rápido, já que está com muitos compromissos: em julho, sai o seu novo disco - o segundo para a Polygram, terceiro da fase de retorno inaugurada com o lp << Limite das Águas >> (Continental, 1976). Cinco músicas novas com o poeta Cacaso (repetindo a dupla de sucesso do lp anterior, da canção << Lero Lero >>) e << altas traições >> com Joyce: um samba, << Rei Morto, Rei Posto >>, e uma canção << que ia se chamar << As Águas Vão Rolar >>, mas aí tem o problema da marchinha de carnaval com o mesmo nome >>. Uma parceria Novelli/Cacaso (<< Laranja Azeda >>), a bela << Desenredo >> de Dori Caymmi e dois temas instrumentais (<< Balada de Outono >>, com solo de harmônica de Maurício Einhorn, e << Rio das Pedras >>, coma participação do sax de Mauro Senise e das vocalizações do Boca Livre) completam o álbum, ainda sem nome, mas que sai no próximo mês. Recém-chegado de Angola, onde se apresentou com a caravana brasileira, para lá levada por Chico Buarque, Edu vai nesta semana a Alemanha gravar dois especiais para uma rádio de Colônia e uma TV de Frankfurt. Em outubro tem marcada sua participação num festival patrocinado pela fábrica de instrumentos Yamaha, no Japão - e ainda vai a Cuba, em outra caravana musical brasileira.
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O grupo Boca Livre - que acompanhou Edu no << Circuito Paraná >> e com ele se apresentou no Guaíra - sofreu uma primeira substituição: Cláudio Nucci deixou o quarteto para iniciar sua carreira solo, com um elepê também produzido no esquema independente. Foi substituído por Lourenço Baêta, que em princípios do ano passado fez um belíssimo elepê na Continental. Cláudio é o novo marido de Nana Caymmi, que dele gravou belas músicas em seu novo lp, pronto para ir para as lojas via Odeon, nesta semana. Do Boca Livre faz parte José Renato, ex-parceiro do curitibano Heitor Valente, e primogênito do jornalista Simão de Montalverde, assessor de comunicação do conglomerado Banestado, profissional de larga quilometragem na imprensa e noite carioca dos anos a
- hoje tranqüilo em Curitiba.
O lp independente do Boca Livre vendeu quase 80 mil cópias, o que deu a cada um de seus integrantes mais de Cr$ 1.500.000,00. Ou seja: prova de que a produção independente não corresponde apenas a liberdade de repertório mas, se emplacar nas vendas, pode também significar liberdade financeira. Não é por nada que aumenta cada vez mais o número de artísta que buscam fazer seus discos fora dos esquemas tradicionais.
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O tópico de abertura desta nota foi sobre o Ballet Guaíra, e não custa lembrar: dias 12 e 13, às 15 e 20 horas, o grupo estará reapresentando << Petruchka >>, de Stravinsky, em espetáculos destinados especialmente as escolas, numa tentativa didática de mostrar uma bela obra a uma nova faixa de público. A tarde as apresentações para as escolas de 1.º grau é, à noite, para as de 2.º grau. No Guairão.
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