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Aramis

O melhor tenor que nasceu há 100 anos

Hoje, com a tecnologia do CD e o milagre do vídeo - que possibilita a restauração de imagens primitivas além do reaproveitamento dos filmes que Bienamino Gigli fez na UFA e algumas outras produtoras alemãs e italianas nos anos 30 e, posteriormente a II Guerra Mundial, os apaixonados por sua obra, de melhor poder aquisitivo, podem dispor de ótima documentação. Mas há onze anos passados, exatamente em outubro de 1979, a maior homenagem fonográfica que se fez ao grande tenor foi da parte de seu conterrâneo e amigo, Maurício Quadrio, que o conheceu em Roma, nos anos 50. Como diretor de projetos especiais da EMI-Odeon (função que hoje exerce na CBS), Quadrio proporcionou a edição brasileira de um álbum, com 25 elepês, contendo antigas interpretações de Gigli. Numa caixa forrada externamente de camurça verde-musgo, foram reunidas oito óperas completas ("Andrez Chénier", "Cavalleria Rusticana", "Aída", "Um Ballo in Paschera", "Tosca", "La Bohéme" e "Madame Butterfly"), sessenta canções eruditas e populares, onze trechos sacros, doze árias retiradas de óperas de várias nacionalidades, dez duetos realizados com sua filha Rina (Helena, que o acompanhou numa de suas viagens ao Brasil) e um recital gravado no Rio de Janeiro, em 1951, que Quadrio, garimpeiro de preciosidades sonoras, descobriu e ofereceu como brinde. A primeira edição desta "Coleção Gigli" esgotou em menos de um mês, levando a EMI-Odeon a reeditá-la e até hoje há pedidos, o que deverá fazer a multinacional estudar sua edição em CD. Afinal o público de Gigli é fiel e, passados 33 anos de usa morte, continua a cultuá-lo no Olimpo dos grandes mitos da ópera. Nascido em Recanati, província de Ancona, a 20/3/1890, menino cantava em igrejas e em 1914, no Teatro Lírico, com uma ópera de Verdi, teve sua estréia profissional. Depois da I Guerra, estudou com Mascagni e Toscanini e em 1920 estreava no Metropolitana de Nova York com "Fausto". Foram 37 anos de glória, na França e nas Américas. Em sua temporada de 1951, (quando veio a Curitiba) no Rio de Janeiro cantou, de graça para os trabalhadores do SAPS (um serviço de previdência social da época) e para os detentos, na penitenciária Central. Sua última aparição em teatro foi em Washington, a 22 de setembro de 1957, no Teatro Constituin. Mas em Roma, em sua residência, a 12 de outubro, fez uma apresentação para um programa da então nascente televisão. Em 1960, em Recanati, foi inaugurado o Museu Gigli, com uma documentação imensa - mais de 10.000 páginas de livros, recortes, revistas etc., apreciando sua obra lírica, que se compunha de 61 óperas e canções de vários países, inclusive duas brasileiras que incluiu em seu repertório: "Mimosa" e "Casinha Pequenina".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
20/03/1990

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