Léo é agora executivo da Deutsch em Hamburgo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 31 de janeiro de 1991
Quando Maurício Quadrio deixou a Polygram para assumir a divisão de projetos especiais da EMI/Odeon (de onde se transferiria para a CBS, na qual se encontra até hoje), a direção da multinacional holandesa decidiu investir num jovem que começava na fonografia: Leonardo Monteiro de Barros. Filho de um dos mais brilhantes jornalistas brasileiros - Arthur da Távora (hoje deputado federal e que já concorreu ao governo do Rio de Janeiro), excelente base cultural e, sobretudo, apaixonado pela boa música, Léo soube justificar o cargo que assumiu. A divisão de clássicos & jazz, sob sua direção, continuou a fazer excelentes edições, entre os múltiplos catálogos da Deutsche, Grammophon, Philips, Archiv, Florelegium e dezenas de outras marcas das mais conceituadas na Europa na área da música erudita. Também no jazz, com catálogos como da Verve (fundada por Norman Granz), Polydor e Polygram, entre outras, as edições continuaram com equilíbrio entre as potencialidades do mercado e a qualidade artística. Os progressos tecnológicos - da fita chromo (com qualidade perfeita) e o CD - tecnologia que hoje marca 95% das edições internacionais - foram sabidamente absorvidas pela divisão de Léo Monteiro de Barros. Assim como, há quase 20 anos, Quadrio havia desenvolvido um projeto corajoso - "Quem tem medo da música clássica?", provando que, se fazendo edições bem cuidadas, dentro de inteligentes regras de marketing, é possível ampliar cada vez mais a faixa de consumo de música classe A, também Léo desenvolveu projetos igualmente bem sucedidos. O resultado é que em 1990, na área de clássicos, a Polygram do Brasil atingiu o segundo melhor resultado - em dólares - da sua história. Voltada a um público de ótimo poder aquisitivo - ao qual a crise parece não atingir - edições de clássicos e jazz possibilitaram um retorno certo. Além da produção no Brasil em CDs de um amplo catálogo, a Polygram está inclusive importando coleções audaciosas, como o projeto Leonard Bernstein, com títulos e, em etapas, o mastodôntico esforço para colocar em álbuns de CD toda a obra de Mozart, dentro das comemorações de seus 200 anos de falecimento (1751-1791).
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A competência de Léo acaba de ser premiada. Está deixando seu cargo na Polygram no Rio para se transferir para Hamburgo, onde irá exercer alta função no departamento de marketing da Deutsche Grammophon. Foi uma proposta irrecusável, como explica:
- "Esse convite é uma grande honra para mim, pois, afinal, trata-se da maior gravadora de música clássica do mundo".
Sua sucessora na chefia da divisão de clássicos e jazz da Polygram do Brasil é Fátima Figueiredo, que desde 1987 já vinha o assessorando. Deixando definidos vários projetos - e com a já provada competência de Fátima, a gravadora deve manter-se na liderança do público classe A - disputado também, em termos de mercado, pela CBS, agora adquirida pela multinacional japonesa Sony - e que continua a ter em sua direção de área, no Brasil, Maurício Quadrio. Uma disputa de ótimos sons para quem aprecia o melhor som dos mestres.
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