O Sétimo Selo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de abril de 1975
Dando continuidade aos lançamentos dos melhores filmes de arte, o Scala-Cinema Um, lança a partir de segunda-feira um dos mais famosos filmes de Ingmar Bergman: "O Sétimo Selo". Explica o famoso cineasta sueco que a idéia de filmar "O Sétimo Selo" nasceu depois que ele contemplou e estudou os motivos tratados nas pinturas de igrejas medievais suecas: malabaristas itinerantes, a peste, a luta dos flagelados, a Morte, bruxas queimadas nas fogueiras e as Cruzadas. O filme não procura formar uma imagem realista da vida na Suécia da Idade Média. É uma obra de poesia moderna, interpretando as experiências de vida de um homem moderno, mas formado de modo muito livre em relação às matérias medievais. No filme o cavaleiro retorna de uma cruzada, como um soldado de hoje volta de uma guerra. Na Idade Média, os homens viviam sob o terror da peste. Nos dias de hoje, vivemos sob o terror da bomba e da destruição. Bergman quis escrever uma alegoria sobre o nosso tempo em forma de lenda medieval. Pode-se dizer que ele procurou tratar da condição humana: sua terna busca de Deus com a morte como a única certeza. O crítico Fernando Ferreira escreveu: ""O Sétimo Selo" é um dos mais admiráveis filmes de Ingmar Bergman, uma obra-prima digna da companhia de "Sorriso de uma Noite de Amor", de "Gritos e Sussurros" ou de "Morangos Silvestres". Um filme exemplar em sua construção, na exatidão com que associa a imagem à temática e à reflexão, na economia dos admiráveis diálogos, na angústia que comunica do Cavaleiro em busca da Verdade ou na firmeza com que faz chegar ao espectador o irredutível ceticismo do Escudeiro, um e outro projeções evidentes da personalidade do realizador".
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