O Som Nosso de Cada Dia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de outubro de 1974
No início de 1974, a consagração começaria a chegar para o "Som Nosso de Cada Dia", em duas apresentações no ar livre no Ibirapuera e, depois, com o convite que receberam para abrir os shows de Alice Cooper.
Formado por experientes músicos como Manito (ex-Incríveis) , teclados, sax, flauta, violino, percussão e voz: Pedrão (baixo, viola, guitarra havaiana e cello) e Pedrinho (baterista e percussionista) o "Som Nosso de Cada Dia" vai preencher uma lacuna existente na música pop brasileira. "Para transmitir as necessidades e desejos do homem urbano, dizem eles, é preciso que usemos a linguagem urbana, os sons que compõem a vida de cada dia na grande cidade feita de concreto, asfalto e ruído". Esta é a filosofia do grupo; "O Som Nosso de Cada Dia em Sâo Paulo, 1974".
É o que sentimos ao ouvir "Snegs", o primeiro LP do trio, resultado de um ano de trabalho e pesquisas. Em cima de uma base de incrível balanço e energia, formada pela bateria, baixo e orgão, foram executadas orquestrações de sintetizadores, viola, sax e flauta, em arranjos que vão de rock pesados até verdadeiras sinfonias espaciais como é o caso de "Direccion de Aquarius". Em "Snegs de Biufrais", procura-se obter uma suavidade balançada, "Maravilha" e "Bicho do Mato" são já antológicas, músicas que demonstram o perfeito domínio dos músicos sobre seus instrumentos". E o que quer dizer "Snegs"?
ÉPOCA DE OURO
Numa época em que nostalgia é moda, em que retornam as mais antigas recordações de antigamente, nada como voltar também às nossas raízes com o conjunto "Época de Ouro" em seu mais recente álbum, em que eles [reúnem] não só o passado, como também o presente.
O grupo "Época de Ouro" é um dos mais tradicionais conjuntos brasileiros, antigamente formados por grandes compositores e músicos como Pixinguinha, Jacob do Bandolin, Donga, João de Baiana e outros. Atualmente, passados os anos, o grupo permanece com a mesma música, o mesmo estilo e, em sua formação atual conta com Dino (Herondino Silva), professor de violão, Cesar Faria, que tocou muito tempo ao lado de Jacob do Bandolin, Jonas, cavaquinho, e Del Rian, considerado o sucessor de Jacob do Bandolin. Com esta formação é que a "Época de Ouro" gravou seu LP reunindo sucessos que marcaram época em nossa MPB, antologias como "Noites Cariocas" (Jacob do Bandolin), "Nem Ela, Nem Eu" (Nelson Alves), "Batuque" (Henrique Alves de Mesquita), "Choro Negro" (Paulinho da Viola e F. Costa), "O Nó" (Candido Pereira da Silva), "Saudações" (Otávio Dias Moura), "Diabinho Maluco" (Jacob do Bandolin), "Inesquecível" (Paulinho da Viola), "Choro Nº 1" (Villa-Lobos), "Carolina" (Chico da Viola), "Choro Nºº 1" (Villa-Lobos), "Carolina", (Chico B. de Holanda), "Sentimento de Um Coração" (Damázio Batista de Souza Filho) e "Meu Chorinho" (Jonas Pereira da Silva).
Assim o "Época de Ouro" revive com toda intensidade os nossos mais belos chorinhos, evidenciando um dos ritmos de maior tradição popular brasileira. Felizmente, para nossos ouvidos e para a MPB...
CHOCOLATE DO MERCADO MODELO
O menino que andava pelos anos 50 com os bolsos cheios de bombons no antigo Mercado Modelo da Bahia ficou sendo conhecido por todos pelo carinhoso apelido de "chocolate". Mulato simpático e falante. Chocolate tornou-se aos poucos uma das figuras mais populares da Bahia. Sua pequena loja no Mercado Modelo, (onde ele vendia miçangas, trabalhos em couro e milhares de pequenas lembranças) ficou sendo ponto de passagem obrigatório para os turistas que visitavam a Bahia e o mercado, aliando sua figura à capoeira, ao batuque, berimbau, samba, molho e veneno da terra.
Agora sua maior transa é música. Aqui ele já participou de muitas gravações (como músico de estúdio), mas, já conseguiu montar um show todo seu. Na Continental, onde é contratado, Chocolate já preparou e gravou seu primeiro compacto com dois sambas da pesada "Samba de Mentira" (de sua autoria) e "Felicidade", de Lupicínio Rodrigues. Mais um talento que a Bahia nos manda.
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