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Aramis

Palmério, autor dos confins

A comadre Célia Novaes Lazarotto, esposa e companheira do grande Poty há mais de 30 anos, costuma contar que Mário Palmério é um homem tão estranho que ao publicar seu segundo romance, "Chapadão do Bugre", em 1956, fez questão que não só a capa fosse feita pelo seu amigo Poty, como também exigiu do editor José Olympio que fosse utilizada a mesma gráfica, os mesmos profissionais que, meses antes, havia produzido industrialmente o seu primeiro livro - "Vila dos Confins". Afinal, aquele romance lançado há 28 anso passados se constituiu num dos maiores sucessos literários dos anos 50. Hoje, "Chapadão do Bugre" está em 10a. edição, enquanto "Vila dos Confins" sai agora em 22a. edição. Naturalmente, pela José Olympio, pois apesar da crise enfrentada pela casa do velho editor - hoje reestruturada graças ao ingresso de Sérgio Gregório, da Xerox/Crefisul - Mário Palmério não deixou a editora. Mantem-se fiel, como poucos. Ex-político, ex-embaixador do Brasil em Assunção, ex-compositor de guarânias (existe um elepê com suas composições, edição da Chantecler, que hoje é raridade), ex-professor e fundador de uma universidade em Uberaba, MG, Mário vive há anos num navio-residência, no rio Amazonas, à procura do lendário "país que ali existiria. Não enlouqueceu, como muitos podem imaginar. Apenas se afastou da civilização - num recolhimento ao mundo da Amazônia. Autor de apenas dois romances - os já citados "Vila dos Confins" e "Chapadão do Bugre", Mário Palmério é um dos autores mais interessantes surgidos no Brasil nos últimos 30 anos. Seus dois romances, ambos publicados em 1956, o consagraram como um autor de profundas raízes, criador de tipos inesquecíveis. Por isto, há muito que se aguarda o seu prometido terceiro romance, "Confissões de um Assassino Perfeito". Nada mais atual para colocar o leitor que ainda não conhece a sua obra, ao par da importância de "Vila dos Confins", é a transcrição do texto-prefácio, que Rachel de Queiroz escreveu a 30 de outubro de 1956. E aqui vai, num registro especial, comemorativo ao aparecimento desta 22a. edição de "Vila dos Confins", mesmo formato, mesma capa - tal como quando surgiu, há 28 anos passados.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Leitura
20
18/11/1984

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