Poesias póstumas do amigo Maurício
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de agosto de 1986
Entre vários originais inéditos, o escritor, diretor, ator e publicitário Maurício Távora Neto (Florianópolis, 11/6/1937 - Curitiba, 12/6/1986) deixou também material para um livro de poesias. Sua viúva, a atriz Jane Martins Távora, gostaria, inclusive, de sensibilizar os amigos de Maurício para que fosse viabilizada a edição de um livro. Dono de ótimo texto, autor de uma dezena de comédias, Maurício tinha o seu lado lírico, pouco conhecido, mas com momentos de grande sensibilidade.
xxx
Agora, num agradecimento da família aos parentes e amigos, a família Távora, está distribuindo um cartão colorido, com um belo poema de Maurício, prova de que sua obra poética também merece uma maior divulgação. Com o título de "Nave", diz o poema de Maurício:
O que não fiz, por certo outros fizeram,
ou quem sabe esqueceram de fazer,
como tantos distraídos que disseram
saber contar estrelas sem saber
que estrelas, meu amor, jamais esperam.
Então, o que fazer? Por que viver?
E neste não-viver, por que puseram
sobre mim o estranhíssimo dever
de ser branco nas dobras do lençol
e negro nessas noites desonestas,
tão descrentes de luz e de arrebol?
Mas não faz mal. Dancemos nossas festas,
felizes no que der, de sol a sol,
brincando curvas, navegando arestas.
xxx
A ilustração também é de Maurício. Entre seus talentos, estava também as artes plásticas, tendo inclusive participado de alguns salões.
Tags:
Enviar novo comentário