Lembrando Maurício com ternura de suas poesias
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de junho de 1988
Uma dupla efeméride no último fim de semana: no dia 11, o 51° aniversário de nascimento de Maurício Távora. No dia 12, o segundo ano de sua morte. Um dos mais estimados homens do teatro paranaense, além de publicitário, desenhista, escritor, com passagens pelo jornalismo policial no período mais vibrante da "Última Hora" no Paraná, Maurício Távora foi um intelectual criativo e combativo. Ocupou a superintendência da Fundação Teatro Guaíra, ali desenvolvendo um bom trabalho e só se afastando devido a uma implicância pessoal do então governador Jaime Canet Júnior. Como Maurício nunca foi de levar desaforos para casa não aceitou uma injusta crítica de Canet Jr. E preferiu renunciar às funções.
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No ano passado, o primeiro aniversário de morte de Maurício Távora já deveria ter merecido uma lembrança. O secretário Renê Dotti, da Cultura - que foi seu grande amigo - aprovou um projeto desenvolvido na época e que previa a edição de um livro com poemas inéditos de Maurício, a produção de um vídeo e uma exposição com seus trabalhos - inclusive nas artes plásticas. Infelizmente, por falta de tempo o projeto teve que ser adiado, mas realiza-se agora. No próximo dia 20, no hall do Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, haverá o lançamento do livro de poesias "Voavida" (80 páginas, capa de Álvaro Borges), que reúne um pouco da produção lírica que Maurício deixou - grande parte inspirada por sua esposa e companheira, a atriz Jane Martins, com quem viveu 27 anos, mãe dos seus três filhos: Adriano, 26, publicitário da HM; Murilo, 24, redator da agência Manoel Alapode e Elisa, 23, funcionária de Serpro.
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O livro tem ainda um belo prefácio de Paulinho Vítola e uma apresentação do secretário Renê Dotti. Paulinho trabalhou com Maurício em dois projetos muito carinhosos: "Terra de Todas as Gentes", a superprodução com texto de Adherbal Fortes de Sá Jr., e direção de Maurício, que inaugurou o auditório Bento Munhoz da Rocha Neto. O espetáculo, mesmo com todas as dificuldades com que foi montado levaria o então prefeito Jaime Lerner a reunir novamente o trio para o espetáculo "Curitiba Nossa Tribo, Salve, Salve", que reinaugurou o Teatro de Bolso, na Praça Rui Barbosa.
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Menino de família pobre de Florianópolis, que estudou no Colégio D. Pedro II, no Rio de Janeiro, graças a uma bolsa de estudos, Maurício viveu em Curitiba desde o início dos anos 50. Aqui foi um dos principais colaboradores de Ary Fontoura, nos tempos da Sociedade Paranaense de Teatro, inicialmente como ator, depois como autor - escrevendo satíricas revistas políticas para a época ("Fofoca no Palalá", "Não Me Lote, Brasilino", "O Quiproquó da Galinha") que no início dos anos 60 levavam um grande e fiel público ao teatro de Bolso.
Maurício foi, ao lado de Joel de Oliveira (hoje diretor administrativo da Fundação Teatro Guaíra) e Sale Wolokita (hoje coordenador de Ação Cultural da Secretaria da Cultura) um dos principais colaboradores de Cláudio Corrêa e Castro, quando este aqui consolidou o Teatro de Comédia do Paraná, com montagens de grandes textos ("A Vida Impressa em Dólares", de Cliford Odets; "Escola de Mulheres", de Molière; "A Megera Domada", de Shakespeare; "As Colunas da Sociedade", de Ibsen, etc.).
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