Mesmo ferido, Rubinho deu o show com o Zimbo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de junho de 1988
O baterista Rubens Barsotti deu um exemplo de profissionalismo na fria noite de terça-feira, 14. Saindo do hotel Mabu e dirigindo-se, a pé, para o Auditório Salvador de Ferrante, o guarda iniciou que ele deveria entrar por uma das portas laterais, no setor administrativo. Só que por falta de iluminação, Rubinho não viu uma pesada corrente que ali é estendida à noite - para evitar o estacionamento de veículos - e literalmente esborrachou-se no chão. "A corrente funcionou como uma alavanca e eu voei", comentava, momentos depois, gemendo de dores, no camarim do teatro.
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Medicado às pressas e sofrendo com as escoriações na perna esquerda e no braço direito, fez questão de que o espetáculo acontecesse. O baixista Luiz Chaves explicou ao público a razão do atraso e, durante 90 minutos, o trio fez uma apresentação tecnicamente irrepreensível. Embora sofrendo dores - agravada com o frio que fazia no palco (a exemplo do grande auditório, também uma geladeira), Rubinho ainda conseguiu, na primeira parte, fazer alguns solos de bateria. Entretanto, nos três últimos temas - inclusive no belíssimo "Beatriz" (Chico/Edu Lobo), do ballet "O Grande Circo Místico", praticamente tocou com apenas a mão esquerda - mas sem comprometer o trabalho do grupo. Só não foi possível atender aos pedidos de bis, pois, quando encerrou a programação - com um emocionante potpourri das mais conhecidas músicas de Milton Nascimento - Rubinho já não conseguia esconder a dor que sofria.
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O acidente com Rubinho - que poderia ser mais grave - deve alertar os diretores da Fundação Teatro Guaíra para o perigo que representa a colocação das correntes laterais. Embora elas sejam "justificadas" para impedir a invasão das calçadas por veículos, deveriam ser pintadas em tintas fosforescentes e bem iluminadas - pois constituem verdadeiras armadilhas. Aliás, nos bastidores dos auditórios dos dois palcos principais, também há armadilhas que colocam em risco os artistas e técnicos. São fios espalhados pelo chão, madeiras (muitas vezes com prego) colocadas a altura da cabeça, volumes e quinquilharias diversas que podem provocar sérios acidentes - especialmente porque a iluminação é deficiente - e, nas horas dos espetáculos, inexistente nas coxias. Tensos e concentrados nas apresentações, os artistas saem do palco e dirigem-se para os camarins, correndo o risco de se machucarem.
Joel de Oliveira, ator veterano, funcionário desde 1962 da Fundação Teatro Guaíra e hoje poderoso diretor administrativo, deve determinar providências para que estes problemas sejam eliminados. O mais rapidamente possível!
LEGENDA FOTO: Rubinho: mesmo machucado, fez o show
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