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Aramis

A questão nuclear segundo Goldberg

O livro de Frederico Fullgraf virá acrescentar-se a uma bibliografia ainda reduzida sobre a questão nuclear. Apesar da atualidade do tema faltam obras a respeito, o que explica, inclusive, o sucesso que vem obtendo já há muitas semanas o livro "Energia Nuclear: Sim ou Não?", do cientista José Goldberg (José Olympio Editora, 136 páginas). Partindo de colocações bastante gerais sobre o papel da energia na sociedade industrial e da evolução do seu consumo no mundo, passando pelo caso brasileiro, José Goldberg, reitor da Universidade de São Paulo, gaúcho de Santo Ângelo, 60 anos - a serem completados no próximo dia 27 de maio, fala de um assunto que entende. Afinal é professor de Física e Astronomia e nestes últimos 20 anos tem participado de cursos, seminários e congressos relacionados a energia nuclear em várias partes do mundo. Entre 1983/85 foi presidente da Companhia Energética de Força e Luz, da Eletropaulo e da Companhia de Gás de São Paulo. Há 4 anos, por seus serviços, pelas pesquisas efetuadas e pelo respeito que infunde na comunidade científica e no magistério, foi convidado pela Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, para, juntamente com outros cientistas de renome internacional, estudar as conseqüências de uma Guerra Nuclear e fazer sugestões a serem enviadas pelo Papa aos responsáveis pelas grandes potências e aos organismos internacionais. xxx Em seu livro, Goldberg concentra-se nos problemas presentes e arrisca-se a alguns prognósticos sobre o futuro da energia nuclear. Admitindo que apenas 75% do potencial hidrelétrico serão utilizados, devido a problemas sociais, para construção das barragens, o professor Goldberg preocupa-se com a redução da potência média (correspondente à energia firme) de 106,5 milhões de KW para cerca de 80 milhes de KW - que seriam esgotados por volta de 2005. - "Aí seria a época em que a energia nuclear concorreria com outras alternativas para geração elétrica", raciocina. xxx O livro é atualíssimo. Em todos os sentidos. Pelo risco, pelo medo, pela esperança, pela possibilidade de salvação. O que ele pensa, em síntese, sobre a [?] energia nuclear e o Brasil? "Sim, mas não já". E explica porque. Apresenta vasta documentação sobre o potencial hidrelétrico brasileiro que, longe de esgotar-se, ainda tem muito para se explorar. E por caminhos profundamente embasados em fontes seguras, seu livro tem como ponto de partida a visão histórica e críticas das nossas experiências no campo da energia nuclear. Tudo é relatado em linguagem objetiva e permite ao leitor absorver uma série de informações que o auxiliará a tomar posição no debate que adquiriu novas proporções depois da catástrofe de Chernobyl e, especialmente, o acidente com a capsula de Césio em Goiânia (tema já de dois livros, um deles de Fernando Gabeira, lançado há dois meses). Trata-se de um alerta, um chamado à reflexão. O assunto interessa a todos nós por um razão irrefutável: a sobrevivência.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
26/02/1988

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