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Aramis

Rápidas anotações sobre um musical inesquecível

"Cantando na Chuva" está entre os filmes da chamada The Golden Era do filmusical norte-americano. Que começou aproximadamente na metade dos anos 40 e findou 10 anos depois. E que teve como principal Usina os [estúdios] da MGM, onde trabalhavam os produtores como Arthur Freed ( na verdade Arthur Grossman, nascido em Charleston, 1894), diretores como Vicente Minelli e Stanley Donen, roteiristas como Betty Comden e Adolph Green, compositores como Lerner e Loewe, estrelas como Judy Garland, Leslie Caron, Debbie Reynolds e atores-cantores como Fed Astaire, Frank Sinatra e Gene Kelly. Muitos títulos poderiam ser citados neste período mágico da colorida Hollywood - e entre eles, um adquire significado especial: "Cantando na Chuva", que marcaria a estréia de Stanley Donen na direção, ao lado de Gene Kelly, um dos poucos atores-dançarinos-cantores, que tentaria, posteriormente, outros vôos mais ambiciosos no campo da realização do musical ("Convite a Dança/Invitation to the Dance, 56"), mas também mostrando muita sensibilidade na comédia romântica ("Todos a Paris/The Happy Road", 1957). Realizado no seguinte ao clássico "Sinfonia de Paris"(An American in Paris, 51), onde Vicente Minelli soube transformar em inesquecíveis cores & coreografias a peça de George Gershwin (1898-1937), composta em 1928, "Cantando na Chuva" foi um momento especial dentro do musical - [gênero] que acompanhou o cinema desde que ele aprendeu a falar com "O Cantor de Jazz" (The Jazz Singer), realizado em 1927 por Alan Crosland e que consagraria Al Johnson (1883-1950). O que mais impressiona ao espectador-74, assistindo pela primeira vez "Singin'In The Rain" é a desmistificação que fazia há 22 anos da [Indústria] [Cinematográfica] justamente num [gênero] mágico e glamorizado ao máximo como sempre foi o filmusical. Já tendo inspirado uma extensa bibliografia - a qual não recorro pra estas rápidas anotações - mas que tiveram no crítico Sergio Augusto, por ocasião da exibição do filme na [Guanabara] (Cinema 1), um dos seus maiores divulgadores, "Singin'In The Rain" me parece ser um dos poucos musicais que se voltou para a própria "indústria" do cinema - satirizando o início do cinema falado, os mitos e as dificuldades de muitas estrelas (e astros) em poderem se adaptar ao novo sistema - que por sinal liquidou com muitas carreiras aparentemente brilhantes. "Cantando na Chuva", é um musical. Sem pretensões outras é por isto mesmo válido e importante como documento de um momento. Sente-se isto nos cortes bruscos após cada canção - que ao contrário de outro clássico do [gênero] ("Amor Sublime Amor/West Side Story, 60, de Robert Wyse), não pretendem ter uma integração [dramática]. Mas, ao contrário, mostram o sentido mágico do musical - em especial nas duas melhores [seqüências] - Dom Lockwood (Gene Kely), em solo, cantando a música-título e, posteriormente, no longo bailado da Broadway - que chega a lembrar a inesquecível [seqüência] final de "An American in Paris"- por sinal já programado para relançamento no Scala em agosto. "Singin'In The Rain" é um filme para merecer demorados comentários, pois [reúne] elementos que o tornam um filme digno de profundas apreciações. Embora aparentemente tinha sido concebido apenas como um filme-entretenimento, com músicas e cores (o technicolor ainda imperfeito), sem recursos [maiodo], mas que, ao contrário de tantos filmes pretensiosos, permanecerá para sempre] LEGENDA FOTO: Gene Kelly e Gyd Charisse no Ballet mais [romântico] de "Cantando na Chuva". Uma antologia da obra de Lêdo Ivo Reunindo num só volume toda a sua obra poética - exceto Finisterra - Lêdo Ivo acaba de lançar, sob o selo da Editora José Olympio em co-edição com o Instituto Nacional do Livro, o sinal semafórico. Para estudiosos, como para os admiradores em geral, da obra lírica de Lêdo Ivo - considerado pela crítica como uma das figuras de maior destaque na moderna literatura brasileira, com ênfase especial no campo da poesia - aí está a ocasião para [uma] análise em profundidade de toda a criação poética do laureado autor, que vai desde As imaginações (1944[)] até Estação Central (1964). Um volume de 404 páginas, com dados biobibliográficos e bibliografia de e sobre o Autor. Capa de Eugênio Hirsch. Cr$ 17,00. De volta aos seus leitores e estudiosos já está nas [livrarias] a 6ª edição de Morte e vida severina e outros poemas em voz alta que João Cabral de Melo Neto escreveu e a Editora José Olympio publicou, com expressiva capa de Carybé. Esta 6ª edição compõe-se de um auto (Morte e vida severina), um monólogo (O rio), dois poemas que o Autor apelidou "parlamentos", e outros poemas menores que, por implicarem mais de uma voz, prestam-se a uma leitura em voz alta. Um volume de 152 páginas com seis ilustrações de Carybé. Cr$ 18,00.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
18
11/07/1974

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