Revisão do Brasil através dos curtas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de maio de 1986
Como as opções eram inúmeras em termos de organizar uma mostra retrospectiva do documentário brasileiro - em andamento nos espaços da Cinemateca SESC e cines Groff e Luz, desde segunda-feira - Francisco Alves dos Santos optou por concentrar em programas capazes de darem alguma unidade temática aos curtas e médias que estarão sendo mostrados, em horários alternativos. Assim, nesta quarta-feira, sete documentários - seis dos quais realizados nos anos 60 - estarão em exibição.
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No Groff às 16 horas - e Cinemateca às 20 horas - estão programados "Viramundo", que Geraldo Sarno realizou há 22 anos sobre os migrantes nordestinos, considerado um clássico do cinema social. Em seguida, "A Cabra na região semi-árida", 1966, de Rucker Vieira, cineasta pernambucano. Em 1966, quando o então governador José Sarney tomou posse no Maranhão, Glauber Rocha fez um curta de 12 minutos sobre aquele Estado. Usando na trilha sonora apenas o discurso de Sarney - com suas intenções de governo - a câmera focalizou os dramas sócio-econômicos do Estado, numa inteligente linguagem social. Já "Em Busca de Ouro", realização de Gustavo Dahl (hoje presidente do CONCINE, aguardado sexta-feira para uma reunião com os documentaristas no Solar do Barão), são focalizadas as cidades históricas de Minas Gerais.
O segundo programa de hoje (Groff, 20 horas; Cinemateca, 22 horas), abre com um esplêndido média-metragem: "Opinião Pública", 1967, de Arnaldo Jabor ("Eu Te Amo", "Eu Sei Que Vou Te Amar"), possivelmente o mais desmistificador documetário já feito sobre as ilusões da classe média. Um filme de (re)visão obrigatória por todos que se interessam por sociologia e realidade brasileira. Em complemento, "Os Homens do Caranguejo", 1969, de Ipojuca Pontes e "O Guesa", 1971, de Sérgio Santeiro.
A Retrospectiva do Documentário Brasileiro é, antes de tudo, um grande audiovisual do Brasil. Aproveite esta oportunidade!
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