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Rio Grande do Sul: 33 festivais

Oficialmente, devidamente reconhecidos e assistidos pelo atuante Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, são 33 os festivais nativistas previstos em 1986. Seis deles já foram realizados em janeiro - o 6º Festival de Música Crioula de Santiago, o 4º Sinuelo da Canção em São Sepê, a 4ª Galderada da Canção Gaúcha, em Rosário do Sul, o 4º Festival de Música Crioula, em São Jerônimo, a I Carreteada Nativa da Canção, em Barra do Ribeiro e a 2ª Comparsa da Canção de Pinheiro Machado. Em fevereiro, apesar do Carnaval, em Caibaté, aconteceu a 2ª Jornada Nativista Estadual de Caibaté. Março começou com o 3º Canto Nativo de Santo Augusto, de 7 a 9, prosseguiu com o II Reponte da Canção Crioula do Litoral Sul, em São Lourenço do Sul, organizado pelo poeta, letrista e animador Gilberto Carvalho e prosseguiu nesta semana com o 2º Canto dos Sete Povos, em São Luiz Gonzaga. Para abril já estão previstos 4 outros festivais: o Serra, Campo e Cantiga, em 3ª edição, de 11 a 13; o 3º Chimarrão da Canção Missioneira, em Coronel Bicaço, de 10 a 13; a 8ª Ciranda Teuto-Rio-Grandense, em Taquara, de 17 a 20 e 4º Vigília do Canto Gaúcho, em Cachoeira do Sul, de 26 a 28. Assim, os festivais nativistas se sucedem, num fortalecimento do movimento musical gaúcho. Realizados por CTGs, associações culturais e, mesmo quando bancados pelas prefeituras, não recorrem a subvenções oficiais. Todos - ou quase todos - tendo as músicas finalistas editadas em LPs, hoje já produzidos por gravadoras do eixo Rio-São Paulo - como a Sigla/RBS (que mantém ativo núcleo de produção em Porto Alegre, dirigido por Airton dos Anjos) e a Continental/Chantecler, cuja produtora executiva é a bela Janine Rocha Fraga. Selos locais - como o Pialo ou o Quero-Quero (de Gilberto Carvalho) também editam os discos dos festivais nativistas, ao lado de grupos vocais e instrumentais, cantores, solistas - o que faz com que a discografia gaúcha hoje passe dos 300 Lps, conforme o incansável pesquisador Paixão Cortês comunicou durante o IV Encontro de Pesquisadores da MPB, há duas semanas, no Rio de Janeiro. O RECULUTA - Realizado entre 29 de novembro a 1º de dezembro de 1985, o III Reculuta da Canção Gaúcha, atingiu em sua terceira edição, um ótimo nível musical, como pode se conferir através do lp lançado pela Continental, em produção de Janine Fraga. "Trono Reiúno" de Gaspar Machado e Airton Pimentel (compositor consagrado, atualmente dirigindo a Assessoria Cultural da Assembléia do RGS), interpretada por Daniel Torres, foi o grande vencedor deste festival. Para isto contou muito o arranjo e a participação de Gilberto Monteiro, reconhecidamente hoje o melhor acordeonista do Sul - mas que ainda não fez o seu lp solo. "Memória" de Roberto Ferreira/Newton Bastos, defendida por Luis Eugênio e Grupo Fandango, ficou em 2º lugar e "Campeiro" de Elmo de Freitas - também o intérprete, ao lado dos Campeiros - obteve o troféu de bronze. A rigor, todas as finalistas são músicas interessantes, com destaques interessantes: Marlene Pastro, intérprete de "Canção das Pedras Brancas", foi considerada melhor cantora - valendo ainda esta composição como a melhor de tema épico; Eracy Rocha, já com um lp-solo, editado pela Continental, interpretou "Relatos" (Afif Jorge/Doly Costa). Neto Fagundes, que acaba de ter um lp solo editado, foi o intérprete de "Canção das Estacões", enquanto Os Fronteiriços pela descontraída interpretação de "Baile Costeiro" foi considerado o melhor grupo. Com gravações ao vivo feitas em Guaíba ou no estúdio da Isaec, o lp da 3ª Reculuta apresenta um bom nível musical, confirmando que Janine se firmou como eficiente produtora após o estágio que fez ao lado do ativíssimo Patinete (Airton dos Anjos), a quem a fonografia gaúcha muito deve. COISAS DO SUL - O bom mercado gaúcho absorve cada vez mais os discos de conjuntos regionais e assim, simultaneamente ao lp da II Reculuta, a Continental/Chantecler lança dois outros lps: o acordeonista e cantor Paulo Siqueira, com o conjunto Velha Porteira ("Viva o Rio Grande") e os mateadores ("Coisas de Tche!"). Com a participação de sete músicos, o lp de Paulo Siqueira traz basicamente um repertório próprio deste popular acordeonista, falando de temas da terra e começando por uma canção de saudação aos próprios festivais nativistas. Sozinho ou com seu parceiro constante - Aldoeny Freitas - Paulo percorre vários gêneros falando de temas caros ao povo do Sul, irônico algumas vezes - e mostrando méritos de instrumentistas em "Rabo de Tatu" e numa agradável, adaptação para dois acordeons (o segundo é Gonzaga dos Reis) da clássiva valsa de Strauss "Danúbio Azul". Diversificando entre os vanerões, bugios, chamamés, valsas, rancheiras e milongas, o conjunto musical Os Mateadores traz um repertório simpático neste seu primeiro Lp. Voltados basicamente para o mercado regional - o que leva as gravadoras a não se preocuparem em divulgar estes discos acima de São Paulo - os grupos e intérpretes gaúchos utilizam, extremamente, temas e expressões regionais - o que, muitas vezes, dificulta o entendimento de certas músicas pelo público não acostumado à linguagem nativista. Não é este o caso de Os Mateadores, que formado por jovens cantores e músicos, buscam já uma linguagem mais simples - embora falando de chimarrão, fandango, ginetes, peões e pampeanas nas letras das canções gravadas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
33
23/03/1986
solicitamos envir se possivel calendario dos festivais para divulção....

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