Schwanke no Parque Lage
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de janeiro de 1990
Luiz Henrique Schwanke, catarinense de Joinvile, 39 anos, apesar de possuir o diploma de jornalista pela Universidade Federal do Paraná, optou pela carreira nas artes plásticas. E não tem razões para se queixar: desde 1985 vem colecionando premiações importantes e fazendo exposições bem sucedidas, a próxima das quais será a de esculturas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Rua Jardim Botânico, 414, Rio de Janeiro), entre 1o e 23 de fevereiro.
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Dedicada ao crítico Mark Berkovitz, falecido no final do ano passado, os perfis que Schwanke fazia em painéis, de grande impacto visual, numa primeira etapa de sua carreira, "ilustram bem os múltiplos significados de sua obra" como acentuou o crítico Frederico de Morais, no texto de apresentação. Pouco a pouco, a crítica percebeu nos rostos perfilados de Schwanke uma intenção crítica, inclusive, no qual o modelo estava na maneira absolutamente neutra e des-hierarquizada, como Andy Warhol (1930-1987) tratava as imagens de Elvis Presley, Jackie Kennedy, Marilyn Monroe, Mao-Tse Tung, Coca-Cola, Sopas Campbel ou de uma cadeira elétrica.
Agora, nesta sua nova exposição, que faz parte da série Encontros Culturais, Schwanke "abre com seus trabalhos novas perspectivas para a arte pública" diz Frederico Morais. Assim, no Parque Lage, estará levando a partir do dia 1o, "um ideário construtivista" (Pop-Art, Cinetismo, Minimalismo), estruturando, em obras públicas, esses objetos banais segundo o rigor da linguagem construtiva, ele realiza uma importante tarefa educativa. "Afinal - encerra Morais - estas colunas e estes objetos criados por Schwanke acabarão por remeter de volta o olhar do espectador para as estruturas já existentes em nosso meio formal. Quantidade transformada em qualidade visual e percepção estética sobrepondo-se ao utilitarismo da vida cotidiana".
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Mark Berkowitz, a quem Schwanke dedicou esta nova exposição, foi um jornalista atuante, que embora se firmando como crítico de artes plásticas teve uma ligação intensa com a imprensa de vários setores. Nos anos 40, por exemplo, a convite de seu amigo Samuel Guimarães da Costa, foi colaborador regular da histórica revista "Guaíra" e, mais tarde, da "Panorama", chegando a assinar muitos textos como Jorge Holanda - pseudônimo que Samuel também utilizou em sua longa carreira no jornalismo.
A morte de Mark, imerecidamente, passou ignorada na imprensa paranaense.
LEGENDA FOTO - Schwanke e suas esculturas em exposição no Parque Lage, Rio de Janeiro.
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