A síndrome da ninfeta
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de maio de 1989
Há dois anos, para a quarta edição do FestRio, ela foi a primeira a chegar. Seu filme, "Siesta" (ainda inédito no Brasil) nem estava em competição oficial (foi mostrado na mostra paralela "Um Olhar Feminino") e passado o interesse inicial, apenas quatro jornalistas se preocuparam em comparecer na entrevista coletiva. Afinal, sobre o assunto que mais interessava - o fato de ter sido lembrada como "musa inspiradora" do debilóide que tentou assassinar Reagan - era assunto verbotem em suas entrevistas. Portanto, poucos foram os que quiseram saber de sua carreira e sua presença no Rio de Janeiro passou (quase) desapercebida.
A imagem de ninfeta-prostituta de "Taxi Driver" (1976, de Martin Scorcese) a acompanha há muitos anos, embora hoje, aos 27 anos, exiba uma carreira com filmes rodados na Europa ("Moi Fleur Bleue", 1977; "O Sangue dos Outros", 1985 - de um romance de Simone Du Beauvoir ou o recente "Siesta", de Claire People - a Sra. Bernardo Bertolucci), ainda há quem a veja apenas a atriz infantil, que após pontas em "Tom Sawyer" ou "Alice não Mora mais Aqui", fez "Quando as Metralhadoras Cospem" - o primeiro longa do hoje consagrado Alan Parker.
Portanto, Jodie Foster era o azarão do páreo no Oscar deste ano: ninguém imaginaria que fosse levar o dourado titio Oscar para casa, mas foi o que aconteceu. Como Sarah Tobias, Jodie derrubou veteranas candidatas. Agora, na tela ampla, a chance de se conferir se merecia mesmo a premiação - que para muitos deveria ter ficado para Glen Close, coitadinha, mais uma vez preterida na festa da academia!
LEGENDA FOTO - A ex-ninfeta de "Taxi Driver", novamente vítima do machismo: Jodie Foster em "Acusados" - que lhe valeu o Oscar de melhor atriz-89.
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