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Suruagy, política, livros e destino!

UM colorido perfil do governador Divaldo Suruagy, agora alçado candidato a vice-presidente na chapa do ministro Mario Andreazza, é apresentado pela jornalista Regina Helena de Paiva Ramos, na série "Retrato do Brasil", publicada na edição da revista "Visão" que ainda ontem se encontrava nas bancas. Inaugurada com o perfil do governador José Richa, há três semanas, a série prosseguiu com o governador de Alagoas, antecipando sua escolha para integrar a chapa do ministro do Interior. xxx Aos 47 anos, casado com dona Luzia, 4 filhas, 22 anos de vida pública, alto, magro, olhos azuis, palavra fácil, nariz grande, cabelo em topete e um certo charme que o faz ser considerado o Jean Paul Belmondo dos governadores brasileiros: o feio-bonito. Assim Regina Helena define Suruagy, que tem uma estrela política das melhores: aos 36 anos, já era governador de Alagoas, pelo processo indireto, o mais moço do País, na época. Iniciou cedo. Estudou Economia e Filosofia, foi diarista na Prefeitura de Maceió, aos 16 anos, e passou a mensalista, escriturário, chefe de seção, chefe de divisão e diretor-geral. Foi, então, para a Secretaria Geral, a partir de 2 de janeiro de 1962, data que considera o início de sua carreira política. Dali foi convidado pelo então governador Luiz Cavalcanti para ser secretário da Fazenda, estabelecendo o primeiro recorde de idade: era o mais jovem secretário de Fazenda do País. Em seguida, disputou e ganhou a Prefeitura de Maceió. Logo depois, elegeu-se deputado estadual, destacando-se como líder da maioria e presidente da Assembléia. No final do mandato, era escolhido governador pelo processo indireto. Descompatibilizando-se, candidatou-se a uma vaga na Câmara Federal e recebeu votação surpreendente: 32% do eleitorado e apoiou (até hoje nenhum deputado recebeu esse percentual). Na Câmara, foi vice-líder do PDS e candidatou-se ao governo, em 1982: foi o único dos governadores eleitos pelo processo indireto e votou pelas eleições diretas. xxx Suruagy é um homem organizado, que consegue reservar um bom tempo para atividades intelectuais: lê uma média de 3 a 4 livros por mês, mantem-se atualizado com as principais revistas e jornais, e confessa que, em ficção, o livro que mais o impressionou, nos últimos tempos, foi "Memórias de Adriano", de Marguerite Yourcemar. Dizendo-se "um rato de livraria", é também escritor: o romance "Sua Excelência, o Governador"; "A Passeata", contos e um livro biográfico sobre a vida de Rui Palmeiras, notável político alagoano; reuniu discursos e conferências em diversos volumes e escreveu "Figuras de Alagoas", onde descreve seu próprio pai, Pedro Suruagy. xxx Curioso o que Divaldo Suruagy dizia, há um mês, para Regina Helena, ao ser indagado sobre planos futuros, em sua vida pública. Estou vivendo, agora, uma grande dúvida. Ao terminar meu mandato, estarei com 25 anos de atividade política. Durante um quarto de século, terei mandato ou influenciado quem manda em Alagoas. Embora seja gratificante para a alma do homem público, não deixa de ser um ônus. É um peso muito grande ter milhares de pessoas dependendo de você. A dúvida, então, é está: não sei se me candidatarei a senador ou se concluo o mandato de governador e me retiro da vida pública, dedicando-me ao magistério. Sempre digo que não tenho vocação política, tenho destino político. Sou economista. De secretário da Fazenda, um cobrador de impostos, passei a um cargo eletivo. Cobrar impostos, no Brasil, não dá votos. No entanto, fui eleito. Então, é destino".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
14
04/08/1984

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