Toda uma pedreira para os roqueiros
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de janeiro de 1989
Já estão nas pranchetas do escritório do arquiteto Abrão Assad os primeiros estudos para a primeira grande obra de lazer da administração Jaime Lerner: transformar uma imensa pedreira nas proximidades do parque São Lourenço num espaço jovem, aberto à todas as idéias que possam atrair uma faixa etária entre os 12/30 anos.
Não é de hoje que Jaime Lerner sonha em ver a chamada "pedreira municipal" transformada num espaço de lazer. Em sua primeira administração (1970/73), a mesma ainda estava em funcionamento. Quando voltou à Prefeitura a pedreira já tinha sido praticamente desativada e ao menos um evento aconteceu no espaço imenso ali existente; um concerto de orquestra sinfônica que, improvisando soluções, levou mais de 6 mil pessoas ao local.
Foi uma ousadia que deu certo! Não havia a mínima infra-estrutura mas se conseguiu dar uma iluminação criativa, montar um palco para a orquestra e mesmo bancos para milhares de pessoas.
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O grande sonho de Jaime Lerner era fazer da pedreira a chamada Aldeia Amarcord, transformando aquela área numa grande comunidade artístico-cultural. A idéia chegou até a render um filme - "Carta ao Signore Fellini", de Valêncio Xavier - mostrando um pouco de Curitiba, que deveria ser exibida a Federico Fellini - mas que nunca chegou à Cinecittá. Em compensação rendeu prêmio à Valêncio, inclusive na Jornada do Cinema da Bahia.
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As boas idéias não morrem e agora a Prefeitura vê uma forma de fazer com que um espaço abandonado se transforme numa área de intensas promoções. Em duas reuniões com a entidade que agrupa os jovens empresários do Paraná, Lerner discutiu a importância da iniciativa privada investir em projetos audaciosos e, por certo, não faltará quem sinta perspectivas de viabilizar empreendimentos num espaço que próximo ao centro, com bom acesso e uma situação privilegiada que oferecerá condições de abrigar o maior auditório do Estado - para mais de 20 mil pessoas.
Só o auditório, ao ar livre mas com um palco coberto, poderá ser movimentado com supershows de bandas de rock e outros mega-espetáculos que hoje são obrigados a recorrer ao (caro) aluguel , cobrado pelo Palácio Cristal do Círculo Militar do Paraná ou depender dos humores da Secretaria dos Esportes para ocupar o Ginásio Almir de Almeida, no Tarumã (por sinal, fechado por meses para reformas).
Entretanto não haverá apenas o super-auditório ao ar livre na "Pedreira". O primeiro cine-drive-in de Curitiba poderá ser instalado, enquanto um projeto, mais audacioso, prevê uma série de unidades de multimeios (vídeo, informática, etc.).
Em áreas ao lado da pedreira, num grande grotão - pertence à família Gava mas já sendo negociado com a Prefeitura - também haverá aproveitamento para área de lazer.
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A Prefeitura entrará com o espaço e a possível infra-estrutura básica. Caberá aos empresários viabilizarem projetos que tornem aquela área um núcleo de animação para os anos 90, atraindo faixa jovem.
Se fosse no Rio, por certo Ricardo Amaral e Roberto Medina já estariam brigando pelas concessões, por projetos que dariam certo.
É a oportunidade para os Amarais e Medinas tupiniquins mostrarem sua competência...
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