TV, Rhodia e GM em livros indiscretos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de setembro de 1991
Mesmo com toda sua experiência na área editorial, Claudemir Baro, representante local da Best Seller, ficou surpreso com a corrida às livrarias em busca de "O Campeão de Audiência", o demolidor livro de memórias do "golden boy" da televisão brasileira, Walter Clark, lançado há poucos dias. Segundo volume da coleção "Memória Brasileira" - aberta com outro sucesso de vendas, "Quem não Faz Poeira, Come Poeira", de André Ranschburg, fundador da Staroup, "O Campeão de Audiência" é notícia desde que Walter Clark - o homem que implantou a Rede Globo de Televisão - anunciou que estava "pensando" em descrever suas experiências. A antecipação de alguns pontos do livro pela revista "Imprensa" (agosto/91) apenas fez crescer ainda mais o interesse por este livro, no qual Clark revela fatos de bastidores - inclusive a trama política que levou o ex-governador Paulo Pimentel a ser prejudicado no Paraná, quando a programação da Globo deixou de ser apresentada nas TVs Iguaçu e Tibagi.
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Na linha de obras referenciais sobre empresários bem sucedidos, a mesma Best Seller já havia lançado há alguns meses "Portas Abertas", de Célia Valente e Walter Nori. Com o subtítulo de "A Experiência da Rhodia: Novos Caminhos da Comunicação Social na Empresa Moderna" é uma importante contribuição sobre um processo de mudanças profundas, desenvolvidas em apenas 6 anos (1982/88) em relação a uma empresa que não se relacionava com quase ninguém e, finalmente, entendeu a importância de dialogar com a comunidade. Foi quando a Rhodia começou a aparecer nos órgãos de imprensa, participando das grandes discussões nacionais e tendo uma presença inclusive nos gabinetes governamentais.
Essa mudança de posicionamento da Rhodia, desenvolvida pelo jornalista e relações públicas Walter Nori, marcou de tal maneira as relações empresa-opinião pública, que abriu novos caminhos para a comunicação empresarial no Brasil. O sucesso do Plano de Comunicação Social de Nori e sua equipe fez com que muitas companhias percebessem que o "nada a declarar", comum em governos e empresas que têm tudo a esconder, caíra em desuso. Assim, "Portas Abertas" (187 páginas) é uma verdadeira aula de organização, profundidade de análise e criatividade - de leitura indispensável a profissionais da comunicação e executivos seniors que, idiotamente, ainda não se ligaram na importância de abrirem as portas para a informação/comunicação em suas empresas.
Tanto Walter Nori como Célia Valente são jornalistas experientes, com passagens por jornais nacionais ("O Globo", "Folha de São Paulo", "Gazeta Mercantil", etc.), e também em funções oficiais, no caso de Nori, que há três anos assumiu a presidência da filial brasileira da Nill & Knowlton, maior empresa de Relações Públicas do mundo.
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Na mesma linha de leituras yuppies, saiu pela Bertrand Brasil o livro de Maryann Keller, "Rude Despertar - Ascensão, Queda e Luta pela Recuperação da General Motors" (tradução de José Eduardo Moretzschnn, 215 páginas). Uma análise feita em profundidade por uma das mais respeitadas colunistas do "Wall Street Weeck", que mostra que a outrora líder sem paralelo da indústria americana entrou em decadência e conseguiu recuperar-se, adequando-se à realidade dos anos 80 e programando-se para esta década, para poder chegar ao próprio século.
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Na mesma coleção em que saiu "Rude Despertar", a Bertrand já havia editado cinco outros importantes livros de temas atualíssimos: "E o Outro Vacilou", de Roger Enrico e Jesse Kornbluth; "McDonald's: a Verdadeira História do Sucesso", de John F. Love; "Dinheiro Quente e a Política da Dívida", de R. T. Naylor; "Subornos", de J. T. Noonan Jr., e "Quem Matou a CBS?", de Peter Boyer.
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