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Aramis

Um concerto como nos bons tempos

Uma inesperada alteração no programa - Quinta sinfonia de Prokofiev substituindo a abertura de " Beatrice e Benedict ", de Hector Berlioz, e a " Calgada das Walkirias ", de Richard Wagner - não modificou o principal : a excelente apresentação da Orquestra Sinfônica Brasileira, segunda-feira última no Autitório Bento Munhoz da Rocha Neto. Como nos anos anteriores, público correspondeu plenamente a essa cara promoção, só se tornou possivel graças ao patrocinio de uma instituição crediticia : todos os lugares ocupados e filas nas portas, esperando alguma desitência de última hora. E, como sempre, os cambistas funcionando tranquilamente, apesar das entradas distribuidas, grátuitamente, pelo grupo patrocinador, pois houve até quem pagasse Cr$ 50 mil para ver e ouvir a OSB . No final, todos lamentavam, apenas que Curitiba não tenha a mesma sorte de Porto Alegre, onde a Sinfônica Brasileira, dentro do programa " Música pelo Brasil ", estará se apresentando em duas noites seguidas, no mês de julho próximo : uma no Teatro São Pedro e outra, para o povo, no Ginásio de Esportes do Internacional ("Gigantinho" ). xxx Durante quase 30 anos, a Orquestra Sinfônica Brasileira ( fundada em 1940 ) não se apresentou em Curitiba. Até o final dos anos 70, só os mais velhos frequentadores de conseros lenbravam-se de quando a OSB, ainda então dirigida pelo maestro Eleazar de Carvalho, fez um concerto no chamado " Guairão " ( então em obras ) , durante o governo Bento Munhoz d Rocha Neto, nos anos 50, afinal, deslocar dezenas de instrumentistas pelo Brasil é um projeto carissimo e, sem o apoio de um forte grupo financeiro, isso não seria possível. Felizmente, o empresário Henrique Sérgio Gregori entende que a cultura deve merecer investimentos, motivo pelo qual suas empresas têm canalizado elevadas somas para projetos culturais : edições de livros e discos, patrocinio de concertos, instituição de uma biblioteca xerográfica de obras raras. Não contando que há dois anos assumiu a então falida Editora José Olympio, casa publicadora que está se recuperando e que há quase meio século se identifica com o que há de melhor na literatura brasileira. xxx O interesse cada vez maior do nosso público por apresentações sinfônicas conprova que Curitba se ressente de grandes concertos. Proporcionalmente, nos últimos dez anos a programação cultural de Curitiba enfraqueceu, se camparada à dos anos 60, quando os governos Ney Braga e Paulo Pimentel prestigiavam os grandes eventos culturais. O ciclo de festivais internacionais de música, apresentações de grandes orquestras internacionais - como a de Utah, sob a regência de Maurice Abravanel - e uma bem organizada programação da Pró-Música recheou os calendários, que passaram a ser intensamente prestigiados. Depois, vários fatores contribuiram para um desaquecimento no setor. Pró-Música já não tem mais condições de celebrar contratos com astistas internacionais, quando o dolar passa dos Cr$ 5 mil e festivais internacionais de música só resta a saudade. Assim, só esporadicamente - e graças a empresários de visão como Sérgio Gregori - a cidade pode ouvir uma grande sinfônica. xxx O público presente ao Guaíra, segunda-feira, aplaudiu com entusiasmo a Sinfônia Brasileira e o maestro Isaac Karabtchevski. Assim, após ouvir a Sinfônia de Prokofiev; a " Tocata e Fuga ", de Johann Sebastian Bach; a "Bachiana Brasileira", de Villa Lobos; e a " Rapsódia Húngará " de Franz Von Liszt, não deixou por menos : insistiu e conseguiu dois números extras. O primeiro foi " O Guarani ", de Carlos Gomes. Depois, para alegria geral " Bolero ", de Ravel, pois, desde que o filme " Retratos da Vida ", de Leouch, permaneceu seis meses em exibição, no Cinema I, passou a ser tão, popular quanto o último sucesso de Roberto Carlos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
18/04/1985

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