Um elefante no Guaira
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de outubro de 1975
Quando o arquiteto Rubens Meister, há 26 anos, projetou o grande auditório do Teatro Guaíra, previu uma baia para grandes animais, que, 12 anos depois, com o obra inacabada, mereceu uma adjetivação do irônico Fernando Pessoa Ferreira, então superintendente do teatro, como "camarim de elefante". Verdade é que a prudente previsão do arquiteto Meister, em pensar num dia que o teatro teria a montagem de espetáculos que exigem a presença de grandes animais em cena, não estava longe da realidade: no dia 8 de março de 1976, é possível que um elefante, dois camelos e algumas dezenas de cavalos entrem no imenso palco do auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, na estréia nacional de "Aida", numa montagem da ópera de Giuseppe Verdi (1813/1901).
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Há 3 meses, o maestro Mario Garau, 47 anos, 20 de Brasil, retornou a Itália, para assistir a temporada da Ópera Di Roma, nas Termas de Caracalla. Reviu seu velho amigo e mestre, o maestro Nino Bonavolontá, e surgiu a idéia de trazer a Curitiba um dos elencos estáveis, para uma temporada de um mês, com cinco diferentes óperas - a serem apresentadas exclusivamente em Curitiba. A idéia, aparentemente ambiciosa no início, teve um bom encaminhamento com a visita que o regisseur Renzo Frusca, fez ao Guaira, há 10 dias quando se entusiasmou com o teatro.
Embora o custo artístico do espetáculo, no que se refere à vinda de 30 cantores, maestros e todo guarda-roupa e cenários, seja suportável (cerca de Cr$ 600 mil), a produção local - orquestra, coro, figurantes etc. - é que irá onerar a temporada, mas dependendo de apoio que o Plano de Ação Cultural do MEC venha a dar, é possível que a idéia se concretize. Ontem ainda, pela manhã, o maestro Mario Garau, ligou para o maestro Bonavolontá, que se encontra na cidade de Sassari, na Sardenha, dirigindo uma temporada artística naquela região da Itália. A estréia da temporada seria com "Aida", na noite de 8 de março, num espetáculo grandioso, em que a Polícia Militar dará a colaboração cedendo homens e animais para entrarem em cena e, que se for possível, terá até camelos, e, porque não, um elefante no palco! Duas outras óperas de Verdi serão apresentadas na mesma temporada: "La Traviata" e "Il Rigoletto". Depois serão encenadas "Madame Butterfly" de Puccini e "Il Barbieri Di Sevilla", de Rossini.
LEGENDA FOTO - Garau
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