Um palácio com muitas estórias
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de dezembro de 1986
Construído como residência da riquíssima família Garmatter nos anos 30, o Palácio São Francisco teve o mesmo destino que a Sociedade Garibaldi durante a guerra: foi requisitada pelo Estado e transformado em sede do governo. Ali, o todo poderoso interventor Manoel Ribas (Ponta Grossa, 8/3/1873-Curitiba, 28/1/1946) administrou o Paraná, com mão-de-ferro, por 13 anos consecutivos, dentro de sua filosofia: "Desprezando o protocolo e as etiquetas sociais, indiferente à legislação, a intenção é unicamente reerguer o Paraná".
Ali estiveram também os governos interinos que se sucederam a redemocratização e Moyses Lupion em seu primeiro período administrativo. Bento Munhoz da Rocha Neto (1905-1973), eleito governador em 1951, também ocupou o Palácio até a inauguração do Centro Cívico - a grande obra de sua administração.
A partir de maio de 1956, o Palácio São Francisco passou a sede do Tribunal Regional Eleitoral. Nestes 30 anos, a população do Estado cresceu e de modestos 180 mil eleitores temos hoje 4.361.029 votantes, conforme o último pleito. Assim, as amplas mas pouco funcionais salas do Palácio no Alto do São Francisco há muito já não conseguiam mais abrigar as cinco seções e cartórios eleitorais, com seus 180 funcionários. Reformas foram realizadas (alterando inclusive a estrutura original do prédio) mas não solucionaram o problema de falta de espaço.
Assim, após muitas delongas administrativas, o Tribunal Regional Eleitoral afinal conseguiu recursos para adquirir sua nova sede: um edifício de seis andares na Alameda Cabral, concluído há poucos meses. Não se sabe o valor da transação e detalhes da operação mas o prédio já está em condições de receber seus novos ocupantes.
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Apesar da Secretaria da Cultura e Esportes estar ansiosamente a espera de que o Palácio São Francisco seja desocupado, a operação não será tão rápida assim. Afinal só com a diplomação dos eleitos, em solenidade programada para este sábado, no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, é que haverá o término dos trabalhos eleitorais referentes a 1986. E a transferência de centenas de arquivos de um poder da importância do TRE exige especiais cuidados de forma que até a terceira semana de janeiro o Tribunal continua em seu endereço.
Engenheiros e arquitetos da Emopar já estão traçando os projetos de reforma do edifício. A ordem que veio do Palácio Iguaçu é para a obra ser tocada a pleno vapor, de forma que antes de passar o governo a Álvaro Dias, o governador João Elísio possa inaugurar a mais nova unidade cultural do Estado. Afinal, não custa plantar frutos para a campanha de retorno ao poder dentro de quatro anos.
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